da Redação da Rede Brasil Atual
Torres ressalta que ainda não está claro qual será o alcance do novo
programa anunciado por Alckmin. “Precisamos saber exatamente qual é a
medida, porque é possível que esteja sendo anunciado um início de uma
série de providências, eu não sei exatamente o que o governo está
pretendendo. O que temos de questionar é a política utilizada como
solução destes problemas.”
Para que a internação seja feita de maneira legal e socialmente
responsável, Torres ressalta a importância de procedimentos a serem
tomados, como a avaliação psiquiátrica caso a caso, além um viés menos
generalista e simplista em relação aos usuários de drogas.
A Associação Juízes para Democracia defende que a internação seja
feita em casos absolutamente específicos. “A internação compulsória
determinada pelo juiz, ou a involuntária determinada por necessidades
psiquiátricas, são internações que devem ocorrer em casos absolutamente
necessários e específicos. Não é uma medida genérica que se possa tomar
como medida de solução para um problema geral.”
Centro Legal
Comparando ao anúncio de ontem do governador, Torres lembra da
Operação Centro Legal, iniciada em 2009 para combater o tráfico e o uso
de drogas na região central de São Paulo, que desde janeiro do ano
passado, segundo ele, só funcionou para afastar o problema do crack – já
que grande parte dos usuários migraram do centro para outras regiões da
cidade.
Para ele, iniciativas como esta tem grande repercussão na sociedade.
“Medidas repressivas, de afastamento dos problemas, são medidas que
aparentemente tem uma repercussão política favorável. É um discurso que
coloca a iniciativa como forte, prática, que irá resolver todos os
problemas, muitas vezes acompanhado de uma boa intenção “salvadora”, de
salvar aqueles drogados que estão na rua. Isso gera uma aparência de boa
política. Mas não há uma política pública séria e comprometida com os
direitos das pessoas, com o tratamento de saúde, como exige a questão.”
Como solução, condutas de longo prazo com investimento e assistência
social são consideradas mais adequadas por Torres. “É um problema antigo
que exige procedimentos longos, muita paciência, muita tolerância,
muito investimento e assistência psicológica e social. Há uma abordagem
multidisciplinar que deve ser feita e isso não se dá do dia para a
noite. Enquanto investirmos nestas medidas salvadoras, imediatistas e
repressivas, infelizmente o problema não será resolvido.”