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ESF POP RUA

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

CARNAVAL Saúde lança campanha de prevenção à aids

 

 O público-alvo é a população sexualmente ativa. A ideia é reforçar o uso do preservativo como medida de prevenção 

 O Ministério da Saúde lançou nesta quinta-feira (31) a campanha de prevenção às DST/aids para o carnaval deste ano. Com o tema “A vida é melhor sem aids. Proteja-se. Use sempre a camisinha”,  a campanha pretende chamar a atenção para a diferença que faz o uso do preservativo na hora da relação. O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, representou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, na cerimônia de lançamento, na manhã de hoje, na quadra de esportes do Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, no Rio de Janeiro.

Além da apresentação da campanha, foram homenageados os trabalhos desenvolvidos por 18 agentes de prevenção, nas comunidades do Rio.  Essas ações fazem parte do Projeto Aids e Comunidades, uma parceria entre a ONG “Centro de Promoção da Saúde” (Cedaps) e o Ministério da Saúde. As atividades do projeto se alinham à campanha de carnaval deste ano, cujo público-alvo é a população sexualmente ativa.

Durante a cerimônia, o secretário destacou a importância da campanha para conscientizar a população na adoção das medidas de prevenção. “Os jovens de hoje não viram tantas personalidades morrerem de aids nos anos 80”, observou Barbosa. Ele lembrou que a doença ainda mata 12 mil pessoas por ano, no Brasil.

Segundo o secretário, campanha é de fundamental importância para intensificar a prevenção à DST/aids. Ele chamou a atenção para pesquisas divulgadas, nos últimos anos, que mostram uma queda no uso da camisinha de 58% para 49% , todas as faixas etárias, nas relações com parceiros casuais.

O Ministério enviou aos estados e municípios brasileiros mais de 68,6 milhões de unidades de preservativos para serem distribuídos no período do carnaval. “Queremos reforçar que o uso da camisinha deve ser um hábito e pode até melhorar a relação. É preciso desconstruir o imaginário popular de que fazer sexo sem o preservativo é melhor”, destacou o diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Dirceu Greco.

A campanha também terá anúncios em outdoor, busdoor, taxidoor, esteiras de aeroportos, abrigos de ônibus e blimps (balões).  Foram produzidos três jingles para serem veiculados nas rádios – um em ritmo de axé, cantado por Carlinhos Brown, outro de samba e outro de frevo.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

EUA publicam sua primeira diretriz para tratamento do diabetes infantil

Recomendações da Academia Americana de Pediatria orientam sobre o tratamento do diabetes tipo 2 em adolescentes

Diabetes: pesquisadores estão desenvolvendo um novo tratamento à base de células-tronco do útero
Diabetes infantil: recomendações da Academia Americana de Pediatria são dirigidas a crianças de 10 a 18 anos com a doença (Thinkstock)
 
A primeira diretriz americana com orientações para o tratamento do diabetes em crianças e adolescentes entre 10 e 18 anos foi publicada nesta segunda-feira pela Academia Americana de Pediatria, em seu periódico Pediatrics. Em suas orientações inéditas, o órgão americano enfoca principalmente o tratamento do diabetes tipo 2 — variação da doença mais comum em adultos, mas que é cada vez mais diagnosticada em crianças em função da epidemia de obesidade.

Saiba mais

DIABETES TIPO 1
Neste tipo da doença, a produção de insulina no pâncreas é insuficiente . Os pacientes precisam de doses extras diárias (injeções) de insulina para conseguir manter a glicose em níveis normais. A doença é mais comum em crianças, adolescentes e jovens adultos. A doença tem etiologia multifatorial: ela pode ser desencadeada por infecções virais e aumento de peso, por exemplo.


DIABETES TIPO 2
No tipo 2 da doença, a insulina continua a ser produzida normalmente, mas o organismo desenvolve resistência ao hormônio. Essa resistência é causada por uma mistura de fatores genéticos e pelo estilo de vida: 80% a 90% das pessoas que têm o tipo 2 da diabetes são obesas. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, o aumento desse tipo da doença em crianças pode se tornar um sério problema de saúde pública.


Formulada em uma parceria com a Academia Americana de Diabetes, a Sociedade de Endocrinologia Pediátrica, a Academia Americana de Médicos de Família e a Academia de Nutrição e Dieta, a diretriz recomenda que, em primeira instância, o médico tente discriminar qual o tipo de diabetes a criança tem. A preocupação, aparentemente óbvia, fundamenta-se no fato de que a variação do diabetes que é mais frequente em crianças é o tipo 1. Nesse caso, a criança precisa de aplicações rotineiras de insulina, já que seu pâncreas não consegue produzir o hormônio o suficiente. Sua causa não tem uma relação tão próxima ao estilo de vida da pessoa — como obesidade e sedentarismo.

Os casos do diabetes tipo 2 em crianças, no entanto, vêm crescendo em taxas altas nos últimos anos. Assim, os médicos precisam estar atentos para a possibilidade de que a criança tenha desenvolvido essa variante da doença. De acordo com as novas orientações, para esse paciente, o tratamento deve ser feito com mudanças no estilo de vida: inclusão de atividades físicas (no mínimo 60 minutos por dia) na rotina e reeducação alimentar. Há ainda orientações para o uso do tratamento medicamentoso com metformina, remédio que reduz a produção de glicose pelo fígado.

O uso de aparelhos para monitoramento da glicose é sugerido para crianças que estejam em risco de hipoglicemia, mudando o tipo de tratamento, não estejam respondendo à terapia ou tenha doenças intercorrentes. A diretriz recomenda ainda o tempo que a criança passe em frente à TV seja de, no máximo, duas horas por dia.

FONTE: VEJA ONLINE

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Universitários já podem se inscrever no VER-SUS Brasil



Nova temporada de vivências no SUS terá calendário ampliado para mobilizar estudantes de todo o País. Não deixe de acessar o site para garantir sua inscrição. 

 Os estudantes universitários das cinco regiões do País interessados no campo da Saúde e na defesa do SUS não podem deixar de se inscrever na nova edição do projeto VER-SUS – Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde. O projeto é uma iniciativa do Ministério da Saúde junto à Associação Brasileira da Rede Unida, o CONASS, o CONASEMS, a UNE, a FIOCRUZ e a UFRGS  para qualificar a formação de profissionais de saúde engajados, críticos e mobilizados para a radical melhoria do sistema de saúde dos brasileiros. O período de inscrição já está aberto no endereço versus.otics.org.

Além de contribuir para a formação em saúde, o VER-SUS também tem se materializado como uma boa oportunidade para que gestores e trabalhadores reflitam sobre seus saberes e práticas no cotidiano do trabalho ao receberem os “viventes” (apelido dado aos alunos participantes no projeto). Isto porque, a experiência cumpre o desafio de por em diálogo gestores, profissionais, pesquisadores, acadêmicos e usuários ao longo dos dez dias em que os viventes visitam a rede de saúde de um determinado território.

As visitas dos alunos ao sistema de saúde contam sempre com a figura de um “facilitador”, responsável por mediar e promover debates sobre assuntos pertinentes e por dar fluxo ao cronograma de trabalho construído coletivamente entre os envolvidos. Além disso, o facilitador age como interlocutor entre a coordenação nacional do projeto, as secretarias e universidades participantes e os estudantes inscritos na vivência. As coordenações locais das iniciativas VER-SUS e os trabalhadores dos sistemas locais também são fundamentais para as Vivências, assim como os demais movimentos sociais.

As edições anteriores da retomada do VER-SUS, por onde já passaram mais de 3 mil estudantes de diferentes cursos de graduação, legitimam o projeto como sendo uma oportunidade para a troca de experiências, de culturas e de olhares sobre a saúde e sobre o SUS. Os relatórios técnicos, trabalhos acadêmicos e relatos de experiência gerados a partir das vivências e apresentados em diferentes espaços revelam o caráter agregador do projeto, capaz de transformar a formação profissional, mobilizar força de trabalho para o SUS e promover a cidadania por meio da Saúde.

O VER-SUS é uma iniciativa do Ministério da Saúde, por meio das Secretarias de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) e de Atenção à Saúde (SAS), por meio do Departamento de Atenção Básica (DAB), com o apoio dos Conselhos Nacionais de Secretários Estaduais e Municipais de Saúde (CONASS e CONASEMS), da UNE (União Nacional dos Estudantes), da Fiocruz e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), além de universidades e municípios parceiros na condução de experiências locais e Regionais. Nesta edição, o projeto tem apoio também da Organização Panamericana da Saúde (OPAS).

Neste semestre, o período de realização das vivências foi ampliado, permitindo adaptar a realização do projeto durante as férias dos estudantes, flexibilizando conforme o calendário das universidades, em especial das instituições federais afetadas pela greve de 2012.

Quem pode participar?
Todo e qualquer estudante universitário interessado no campo da Saúde e na construção e fortalecimento do SUS. Os interessados devem se inscrever no site versus.otics.org.

Como promover o VER-SUS no seu estado ou região?
Se você é gestor, docente ou estudante preocupado com a radical melhoria da Saúde dos brasileiros, não deixe de levar o VER-SUS para o seu estado ou região para contribuir com a ampliação do debate para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde. As secretarias de saúde e instituições de ensino deverão demonstrar interesse em promover o VER-SUS por meio da adesão ao projeto junto ao Ministério da Saúde. No termo de adesão, estará registrado o conjunto de compromissos assumidos entre as partes para viabilizar a vivência. Detalhes sobre o termo de adesão podem ser acessados em versus.otics.org.

CONTATO:  Coordenação Nacional do VER-SUS - Rede Unida (51) 3391-1252

FONTE: OTICS RIO

MS promove campanha de combate à violência trans


O lançamento foi em conjunto com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, nesta segunda-feira. O evento contou com lideranças transexuais e travestis

O Ministério da Saúde lançou, nesta segunda-feira (28), em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, a campanha de combate à violência contra travestis e transexuais. O evento reuniu lideranças transexuais e travestis do movimento social, e marca a comemoração do Dia da Visibilidade Trans, celebrado nacionalmente nesta terça-feira (29). A ação pretende estimular o uso do Disque 100 – serviço de proteção contra a violência de forma geral.

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, que  representou o ministro Alexandre Padilha no evento, destacou a importância do desenvolvimento de políticas voltadas para travestis e transexuais. “Um dos grandes desafios do Sistema Único de Saúde, atualmente, é combinar as políticas universais, que atendem a toda a população, com as políticas que precisam quebrar barreiras sociais, culturais, de preconceito”, explica. A campanha conta com vídeo, além de cartaz de divulgação trazendo a frase “Travesti que se cuida, denuncia”, ambos com participação da travesti Ivana Spears.

Foi anunciada também no evento a inclusão do nome social de travestis e transexuais no Cartão SUS, medida que tem como objetivo reconhecer a legitimidade da identidade desses grupos e promover o maior acesso à rede pública. “Se os serviços de saúde não têm estratégias que permitam o adequado acolhimento de travestis e transexuais, esses grupos se tornarão cada vez mais vulneráveis. Essa é uma questão de saúde pública, e a primeira barreira a ser transposta, é a de permitir que essas pessoas sejam atendidas, nas unidades de saúde, pelo nome que desejam”, declarou.

Na ocasião, foi lançado e distribuído cartaz divulgando o direito ao uso do nome social no cartão e nos serviços de saúde. A ideia é promover o direito e de ser respeitado e ter acesso digno nos serviços de saúde. “O nome social é uma questão de saúde pública. Quando uma travesti deixa de procurar o serviço de saúde, normalmente, é porque já antecipa a frustração de ser tratada pelo seu nome de registro” declarou Fernanda Benvenutty, travesti, líder social e membro do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Para a presidente do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de LGBT, Keila Simpson, a Saúde é o setor que mais tem atendido às demandas da população de travestis e transexuais. “O Ministério da Saúde está sempre abrindo portas e inovando, portanto é importante comemorarmos juntos esse Dia da Visibilidade Trans”, explica. Segundo ela, a substituição do nome de registro pelo nome social é um avanço importante em prol da defesa da identidade e da saúde da população de travestis e transexuais.

Durante o evento, foi exibido um vídeo em homenagem a Weluma Brown, primeira travesti chacrete do país, ativista e militante LGBT. Falecida no último dia 11, Welluma foi vice-presidente da Associação de Travestis e Transexuais do Estado do Rio de Janeiro e conselheira da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexuais. Haverá, esta noite, atividade cultural com a participação das travestis Angela Leclery e Renata Peron. A “Noite da Visibilidade Trans”, parceria com a ONG NavTrans, contará com uma apresentação musical, com samba e música popular brasileira.

FONTE:  Portal da Saúde
(61) 3315-7610 – Ascom/MS

 

domingo, 27 de janeiro de 2013

MS anuncia produção de insulina no Brasil

  DIABETES

Previsão é que em três anos país passe a fabricar medicamento em escala industrial. Medida contribuirá para a ampliação da assistência a 7,6 milhões de diabéticos, dos quais 900 mil dependem exclusivamente do SUS

 A partir deste ano, o Brasil inicia as atividades de produção de cristais de insulina – princípio ativo deste medicamento, utilizado no tratamento de diabetes – por meio do Laboratório Farmanguinhos da Fundação Oswaldo Cruz. Este acordo também amplia a oferta de insulina aos pacientes assistidos pelo SUS, o Ministério da Saúde adquiriu mais 3,5 milhões de frascos do medicamento, quantitativo que será entregue ao país no próximo mês de abril e poderá chegar a 10 milhões de frascos até dezembro, se necessário.

As medidas estão asseguradas pela parceria entre o Ministério da Saúde e o laboratório ucraniano Indar – um dos três produtores de insulina no mundo, com quem o ministério tem acordo de transferência de tecnologia para a produção nacional do medicamento. A previsão é que em três anos (2016) o Brasil produza Insulina NPH em escala industrial.

“Nosso esforço é para que os pacientes tenham a segurança de receber um medicamento de alta qualidade, produzido aqui no país”, destaca o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. “Além disso, queremos reduzir a vulnerabilidade do país no mercado internacional de medicamentos, incentivar a produção nacional de ciência e tecnologia e fortalecer a indústria farmacêutica brasileira”, completa o ministro. Estudos mostram que 7,6 milhões de brasileiros têm diabetes. Destes, cerca de 900 mil dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde para a obtenção de insulina.

OUTRA NOVIDADE– Para retomar a estratégia de desenvolvimento produtivo e tecnológico na área da saúde, o Ministério da Saúde – por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – estabelecerá uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) com o laboratório privado Biomm. A empresa brasileira detém tecnologia totalmente nacional e inovadora para a produção de insulina, que foi patenteada em conjunto com a Universidade de Brasília e é reconhecida por países com os EUA e o Canadá, além da Comunidade Europeia.

“Este estímulo do Ministério da Saúde trará de volta, para produzir no país, a antiga líder nacional, que se retirou do mercado farmacêutico brasileiro no começo dos anos 2000”, observa Alexandre Padilha, em referência à Biobrás. “Isto dá mais segurança aos pacientes e ao SUS”, acrescenta o ministro.

“Esta parceria permitirá ao Brasil obter todo o ciclo de produção de insulina, possibilitando que o país conquiste autonomia tecnológica para a consequente eliminação de dificuldades de abastecimento do medicamento e de vulnerabilidade em relação a flutuações de preços no mercado mundial”, afirma o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha. A PDP entre a Fiocruz e a Biomm será submetida ao Grupo Executivo do Complexo Industrial da Saúde (Gecis), formado por representantes do governo, sob a coordenação do Ministério da Saúde, que também conta com a participação do Fórum Permanente de Articulação com a Sociedade Civil.

CRONOGRAMA– Um novo cronograma de entrega de Insulina NPH pelo laboratório Indar e de transferência de tecnologia para a produção nacional do medicamento foi estabelecido a partir da revisão da parceria entre a empresa ucraniana e a Fiocruz. Os ajustes foram respaldados pela Portaria 873, assinada pelo ministro Alexandre Padilha em abril do ano passado, e pela Lei 12.715, do último mês de setembro, que definiram um novo marco regulatório para a aquisição e produção nacional de medicamentos e outros produtos em saúde.

Pelo novo cronograma, o início da produção de cristais de insulina pela Fiocruz já começa este ano. A fábrica de produção dos cristais (princípio ativo do medicamento) estará estruturada em 2014. No ano seguinte, serão realizados os testes, qualificações e ajustes técnicos para a validação das instalações produtivas.

Em 2016, a transferência de tecnologia pelo laboratório Indar à Fiocruz estará concluída para o início da produção de insulina em escala industrial. E, em 2017, o país estará preparado para a fabricação verticalizada (em grande escala) do medicamento. Calcula-se que a parceira entre a Fiocruz e o laboratório Indar resulte em uma economia total de R$ 1,3 bilhão para o governo brasileiro (considerando também a redução no preço dos insumos).

PDPs– Atualmente, estão em vigor 55 Parcerias de Desenvolvimento Produtivo para a produção de 47 medicamentos, cinco vacinas, um contraceptivo, um teste rápido e uma pesquisa. A partir destas parcerias – que envolvem 15 laboratórios públicos e 35 privados – a expectativa é que o Ministério da Saúde obtenha uma economia de aproximadamente R$ 940 milhões por ano.

Estão contemplados, nestas PDPs, 21 grupos terapêuticos de medicamentos: antiasmáticos, antiparkinsonianos, antipsicóticos, antirretrovirais, biológicos, distúrbios hormonais, hemoderivado, imunobiológicos, imunoestimulantes, imunossupressores, e oncológicos. Entre as PDPs destacam-se a produção do medicamento oncológico Mesilato de Imatinibe; do antirretroviral Atazanavir; dos biológicos Etanercepte e Rituximabe; vacinas para o Programa Nacional de Imunizações (PNI); e do antirretroviral de dose combinada (3 em 1 -  Tenofovir, Lamivudina e Efavirenz).
 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Ministério da Saúde decide criar Cadastro Nacional de Especialistas


Meta é conhecer perfil dos médicos e saber como eles estão distribuídos.
Iniciativa também deve ajudar políticas públicas nos próximos 10 a 15 anos.


O Ministério da Saúde vai criar um cadastro nacional para conhecer melhor o perfil dos médicos e saber como eles estão distribuídos pelo país.

A lista também deve ajudar na elaboração de políticas públicas para a formação de novos profissionais nos próximos 10 a 15 anos.

A iniciativa de formular o Cadastro Nacional de Especialistas é uma parceria com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Médica Brasileira (AMB). Também há a participação do Observatório de Relações Humanas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O novo banco de dados deve conter informações do CFM, da AMB, do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).

Segundo o diretor-presidente da ANS, André Longo, será necessário um esforço geral entre as instituições parceiras para atualizar constantemente os registros e facilitar o acesso aos usuários dos planos de saúde, gestores e toda a sociedade sobre a atuação dos médicos no Brasil.

Fonte: G1 saúde

domingo, 20 de janeiro de 2013

Saiba quanto tempo você deve esperar para dirigir depois de ingerir bebida alcoólica


O organismo se livra de uma dose de álcool em uma hora, mas alguns fatores podem interferir nessa conta

No final do ano passado, a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que aumenta o rigor na fiscalização da ‘Lei Seca’. A nova medida endureceu as penas aplicadas ao motorista que dirigir alcoolizado e manteve qualificado como crime dirigir com mais de 6 decigramas de álcool por litro de sangue. No entanto, muitas vezes fica a dúvida: quanto tempo depois de beber o motorista pode dirigir sem infringir a lei e, principalmente, com segurança?

O médico Ronaldo Laranjeira, professor titular de psiquiatria e dependência química da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), explica que há um conceito fixo na medicina que afirma que o organismo se livra do equivalente a uma dose de álcool por hora. "Uma dose pode ser uma taça de vinho ou chope, ou ainda um daqueles copos bem pequenos de destilado, que o fígado levará cerca de uma hora para metabolizar o álcool no corpo humano", explica.

Sendo assim, se uma pessoa de aproximadamente setenta quilos ingeriu três copos de chope, por exemplo, ela terá de esperar três horas para dirigir. Caso tenha tomado dez taças de vinho, serão necessárias dez horas para que o organismo esteja livre dos efeitos do álcool.

Mas o médico esclarece que os efeitos do álcool variam de acordo com cada pessoa e com uma série de fatores: "Se o indivíduo bebe com o estômago vazio, os efeitos do álcool pelo corpo podem aparecer mais rápido, assim como o corpo feminino demora mais para metabolizar o álcool". Por isso, a Polícia Rodoviária Federal recomenda que se espere pelo menos 12 horas antes de dirigir após a ingestão de álcool.

Uma dica importante de Ronaldo Laranjeira é controlar a quantidade de álcool ingerida. Por exemplo, se alguém ficar duas horas na casa de uma pessoa jantando e, durante esse período, consumir apenas duas taças de vinho ou dois copos de chope, provavelmente estará pronto para dirigir pouco depois da refeição, pois cada copo de bebida foi consumido ao longo de uma hora, tempo necessário para o organismo metabolizar o álcool.

Não existe nada que se possa fazer para acelerar o processo do metabolismo do álcool no corpo, a despeito de algumas crenças como ingerir café, aspirina, tomar banho gelado ou comer enquanto se bebe. "Nada acelera este limite de uma hora por dose. Se você der um banho gelado em uma pessoa bêbada, você terá um bêbado limpo, mas não vai acelerar a recuperação do sujeito", explica Laranjeira.

Informações oficiais
O site da Polícia Rodoviária Federal também dá algumas dicas que podem ajudar o motorista que ingeriu álcool a esclarecer dúvidas. As informações oficiais apontam que não existem "parâmetros confiáveis" para estipular o tempo de metabolização do álcool no organismo, por isso é recomendado que o motorista espere ao menos 12 horas para retornar ao volante.
O site esclarece ainda que, de modo geral, consumir o equivalente a 1 lata de cerveja, ou 1 taça de vinho, ou 1 dose de cachaça, vodca ou uísque e conduzir um veículo logo após o consumo é o bastante para ser multado.

O bafômetro é capaz inclusive de detectar a presença de álcool se o teste for realizado imediatamente após a pessoa ter consumido alimentos com a substância (como bombom com licor, por exemplo) ou usado antisséptico bucal que contenha álcool. Nesses casos, o site esclarece que o motorista deve informar o ocorrido à autoridade de trânsito no momento da abordagem, para que se possa fazer bochechos com água, no intuito de retirar resíduos de álcool da mucosa, e promover novo teste.

FONTE: Ronaldo Marques
Do BOL, em São Paulo

sábado, 19 de janeiro de 2013

Metanfetamina: entenda a droga que "deforma" rostos de viciados



A metanfetamina, derivada da anfetamina, foi, e ainda é em alguns países, uma substância bastante perigosa. Pode-se afirmar que a droga também foi aproveitada como descongestionante nasal na década de 1930 e indicado para tratar a narcolepsia.
Os efeitos da substância, proibida no Brasil e nos Estados Unidos, se assemelham aos da cocaína, afirma o professor Elisaldo Carlini, de psicofarmacologia do departamento Medicina Preventiva da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

— Tanto a cocaína quanto a metanfetamina estimulam o sistema nervoso central, deixando o usuário irritado, com insônia e falta de apetite. O crack, por ser fumado, promove efeito mais intenso e leva à dependência com mais frequência. A maconha, por sua vez, tem efeito contrário deixando o usuário calmo e relaxado. 
A droga também possui propriedade euforizante que eleva os níveis das substâncias dopamina, noradrenalina e a serotonina, neurotransmissores do comportamento presentes em nosso cérebro, explica a psiquiatra Dra. Renata Bataglin, coordenadora da equipe de psiquiatria do Hospital São Luiz.

— A droga causa euforia, deixando a pessoa em estado de alerta; aumenta a sensação da autoestima e da sexualidade, além de diminuir o cansaço.

Por causar tais efeitos no corpo, os principais usuários são jovens e estudantes, cuja finalidade é se aproveitar da euforia para a realização de tarefas ou para ir a festas e baladas.

— O medicamento pode ser usado por via oral, aspirado, inalado (fumado) ou injetado. Por ser muito potente, ele tem alto poder de dependência, pois age no circuito de recompensa do cérebro, fazendo a pessoa buscar mais por aquela substância.

Efeitos no corpo
Por ser uma substância extremamente forte, a metanfetamina leva a pessoa a ter problemas cardíacos, como pressão alta, AVC (acidente vascular cerebral) e até pode morrer de parada cardiorrespiratória, garante o professor.

Além dos problemas físicos que a droga traz, a psiquiatra Renata Bataglin afirma que a droga também pode levar à transtornos psiquiátricos, pois a pessoa pode sofre alucinações, se tornar violenta, agressiva e pode ter a sensação de que está sendo perseguida.

Outro fator que deve ser destacado é que a substância pode causar ‘deformações’ no rosto e no corpo, pois deteriora o organismo, resseca a pele, causa queda de cabelo e perda excessiva de peso.  

Tratamento
Mesmo que a pessoa esteja viciada na droga, há tratamento para reverter o quadro, explica a psiquiatra.

— Com medicamentos e psicoterapia, junto com o apoio da família, o usuário pode deixar de lado a droga.

De acordo com o professor Carlini, os cuidados que se tem com os usuários da metanfetamina são difíceis e prolongados e requer fundamentalmente auxílio psiquiátrico.

— É comum as pessoas viciadas sofrerem síndrome de abstinência e terem recaídas.
 
Fonte: R7 da redação do PORTAL INFOSAJ

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Estudo liga estresse na adolescência a distúrbio mental na vida adulta

Cientistas submeteram camundongos jovens a isolamento.
Expressão de gene de roedor propenso a transtorno teve mudança.

Camundongos: cientistas descobrem relação entre estresse na adolescencia edoenças mentais (Foto: Divulgação/S. Karaki e F.Tronche) 
Camundongos foram submetidos a isolamento
durante adolescência e depois retornaram ao grupo
(Foto: Divulgação/S. Karaki e F.Tronche)
 
Cientistas da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, encontraram uma ligação entre o estresse na adolescência e transtorno mental na idade adulta em camundongos com predisposição genética para esse tipo de problema.

A descoberta, publicada na revista “Science” desta quinta-feira (17), pode trazer implicações para a prevenção e tratamento de esquizofrenia, depressão e outras doenças mentais.
"Nós descobrimos que, em camundongos, o estresse na adolescência pode afetar a expressão de um gene que codifica um neurotransmissor, relacionado à função mental e a doenças psiquiátricas", explicou o líder do estudo Akira Sawa, professor de psiquiatria da universidade.
Durante o estudo, o professor e sua equipe isolaram camundongos saudáveis e com predisposição genética para desenvolver doença mental durante três semanas – período equivalente à adolescência do roedor.
Os resultados revelam que o isolamento não provocou qualquer efeito sobre o comportamento dos camundongos saudáveis. Já os animais com predisposição genética para transtorno exibiram comportamentos associados às doenças mentais, como a hiperatividade.
Além disso, quando os roedores com fatores de risco genético foram devolvidos ao convívio dos demais, eles continuaram apresentando comportamentos anormais. O fato sugere que os efeitos do isolamento duraram até o equivalente à idade adulta.

Dopamina
Os resultados da pesquisa revelam não só a presença de níveis elevados de cortisol (conhecido como o hormônio do estresse porque é mais produzido em situações estressantes), nos animais com transtornos, mas também de níveis significativamente mais baixos do neurotransmissor dopamina na região do cérebro responsável por funções como controle emocional e cognição.
Para determinar se as taxas de cortisol influenciaram os níveis de dopamina no cérebro e os padrões comportamentais nos camundongos adultos com transtornos, os pesquisadores deram aos animais um composto chamado de RU486, conhecido por bloquear as células de recepção de cortisol. O resultado foi que todos os sintomas desapareceram.
Para entender o motivo da melhora, a equipe de cientistas se debruçou sobre o gene que produz a enzima que regula os níveis de dopamina. Este gene teve seu funcionamento alterado, inibindo-o de realizar sua função e, com isso, deixando a dopamina em níveis baixos demais.
A descoberta aponta para a necessidade de um melhor atendimento preventivo aos adolescentes com histórico de doenças mentais na família, incluindo esforços para protegê-los de situações que provoquem estresse, acreditam os pesquisadores.
Além disso, a compreensão da "cascata de eventos" provocada pelo nível de cortisol elevado pode levar ao desenvolvimento de novos compostos para tratar distúrbios psiquiátricos, com menos efeitos colaterais do que o RU486.

FONTE: Revista Science - G1 SP

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Coquetel: a incrível história dos antirretrovirais e do tratamento da Aids no Brasil

 
O programa brasileiro de combate à Aids, que prevê o fornecimento universal e gratuito de antirretrovirais na rede pública, é considerado um dos mais bem-sucedidos do mundo. Mas para se adequar ao contexto atual, seria preciso dobrar o número de pacientes atendidos – possível apenas com a ampliação da oferta de testes de HIV, maior investimento em genéricos e adoção de uma postura agressiva na negociação de preços dos remédios importados.
 
A análise é de Mário Scheffer, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), no livro Coquetel: a incrível história dos antirretrovirais e do tratamento da Aids no Brasil, lançado em dezembro pelas editoras Hucitec e Sobravime.

A obra reúne pesquisas realizadas por Scheffer durante seu doutorado e pós-doutorado, este último com apoio da FAPESP e orientação do professor da FMUSP Euclides Ayres de Castilho. Agrega ainda a experiência do autor como ativista na luta contra a Aids desde 1988.


Na primeira parte do livro, Scheffer narra a evolução dos antirretrovirais desde o surgimento do AZT (zidovudina), em 1986, até os dias de hoje. Relata também a trajetória de incorporação da terapia no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Antes do AZT, a Aids era uma sentença de morte. Em 1991, surgem outras drogas da mesma classe e tem início a terapia dupla, ainda com benefícios efêmeros. Foi a partir de 1995, quando surgiu uma nova classe de medicamentos conhecida como inibidores de protease, que houve a grande revolução no tratamento”, afirmou.

Nessa época, contou Scheffer, descobriu-se que, ao combinar drogas com atuação em diferentes fases do ciclo de replicação do HIV, era possível controlar o vírus. Surge o conceito de coquetel e a Aids se torna potencialmente uma doença crônica.

“A tecnologia dos antirretrovirais evoluiu muito rápido e foram surgindo drogas com menos efeitos colaterais, mais fáceis de serem tomadas. O Brasil acompanhou essa evolução, com certo atraso em alguns casos”, disse.


Das 30 marcas de antirretrovirais atualmente disponíveis no mundo, 21 são fornecidas pelo SUS e beneficiam cerca de 250 mil pacientes. Para Scheffer, isso só foi possível graças a uma conjunção de fatores favoráveis ocorrida no final da década de 1980 e início dos anos 1990.


“A epidemia se instala no Brasil na época em que o SUS tinha acabado de ser criado e que estavam acontecendo movimentos importantes sob a bandeira da saúde como direito de todos”, contou.


Além disso, a doença afetou no início uma população já estigmatizada e, por isso, organizada para lutar por seus direitos. “Graças à intensa mobilização das ONGs e ao ambiente político favorável, em 1996 foi tomada a decisão certa de se criar uma lei federal para reforçar a obrigação do SUS de fornecer o tratamento”, relembrou Scheffer.


Novo papel

A partir de 2008, começam a surgir evidências de que os antirretrovirais seriam importantes não apenas para o tratamento como também para a prevenção da Aids. “Estudos mostraram que quanto antes você diagnostica e trata a doença, não apenas o benefício individual é maior como também o coletivo, pois o risco de transmissão do vírus é reduzido”, disse Scheffer.


Em 2012, o novo consenso terapêutico brasileiro antecipou o início do tratamento para os soropositivos. Até então, os antirretrovirais só eram indicados quando a contagem de células de defesa (CD4) fosse inferior a 350 por milímetros cúbicos (mm³) de sangue. O novo valor de corte passou a ser 500/mm³, o que representa a entrada de um grande número de pessoas no programa.


Além disso, o Brasil passou a oferecer o chamado coquetel do dia seguinte, que deve ser tomado após a exposição acidental ao vírus no caso de estupro ou acidente de trabalho. Em alguns países, como a França, tem sido recomendado também depois de relação sexual sem preservativos com parceiro infectado.


“O número de pessoas que entra no programa por ano aumenta relativamente pouco – cerca de 30 mil. Mas agora será preciso ampliar o acesso. O Brasil tem necessidade e condições de dobrar o número de atendidos. Para isso, precisa aumentar a oferta do teste rápido de HIV e rever o programa de Aids, ou ele não será sustentável em um sistema subfinanciado como o SUS”, afirmou.


Segundo o pesquisador, o Brasil fabrica 10 dos 21 medicamentos fornecidos na rede pública, mas os preços dos genéricos não são competitivos quando comparados aos remédios de marca.


Além de investir na capacidade nacional de produção, de acordo com Scheffer, é preciso melhorar a negociação de preços dos medicamentos importados e discutir a possibilidade de serem quebradas novas patentes. “O Brasil hoje paga mais caro do que outros países. O Ministério da Saúde é o único comprador e, portanto, tem a faca e o queijo na mão para regular o preço.”


Outros fatores a serem considerados, segundo o autor, é a incapacidade dos serviços de saúde superlotados para assumir a nova parcela de pacientes incluídos no programa, o elevado índice de diagnóstico tardio e a alta mortalidade que persiste no Brasil – cerca de 12 mil soropositivos por ano.

“Todas essas questões precisam ser revistas. Não só para manter as conquistas, mas para avançar”, disse Scheffer.

  • Coquetel: a incrível história dos antirretrovirais e do tratamento da Aids no Brasil
    Autor: Mário Scheffer
    Lançamento: dezembro de 2012
    Preço: R$ 40
    Páginas: 224
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FONTE: Karina Toledo Agência FAPESP

Dor crônica afeta entre 15% e 40% dos brasileiros, dependendo da região do país

 
O percentual médio de pessoas afetadas por algum tipo de dor crônica no Brasil varia de estado para estado e pode ser de 15% a 40% da população. Estudos disponíveis revelam que em São Luís (MA), por exemplo, o índice de queixas de dores crônicas chega a 47%, enquanto em Salvador (BA), chega a 41% e em São Paulo, fica entre 30% e 40%. Entre a população mundial, de 20% a 30% sofrem com essas dores.

A informação foi dada à Agência Brasil pelo vice-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos para a Dor (SBED), Durval Campos Kraychete, que também coordena o Ambulatório da Dor da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Segundo ele, dependendo do tipo de política governamental de saúde, esses números podem aumentar ou diminuir. “Se você [adota] medidas preventivas para a dor, a tendência é diminuir. Mas se a dor continuar subestimada, em termos de avaliação e de diagnóstico, e subtratada, a tendência é aumentar”.

Kraychete disse que a média de tempo que um paciente com dor leva até procurar um ambulatório ou serviço especializado é de oito anos. “Aí, já estão bem comprometidos do ponto de vista da doença, muitas vezes com incapacidade”. Para o especialista, a implantação no Sistema Único de Saúde (SUS) dos Centros de Referência em Tratamento da Dor Crônica, criados por meio da Portaria 1.319/2002, do Ministério da Saúde, poderá contribuir para melhorar o tratamento da população brasileira afetada por vários tipos de dor crônica e reduzir esses índices. “Porque isso acaba tendo impactos econômicos enormes”, destacou.

O médico disse que estudos internacionais mostram que o impacto em termos de perdas de pessoas em plena capacidade laborativa é grande. “A gente acaba tendo gastos enormes para poder reabilitar essas pessoas – as perdas chegam a bilhões de dólares e, em geral, afetam pessoas ativas, entre 40 anos e 60 anos”.

De acordo com dados da Previdência Social, a dor de coluna responde por quase 160 mil licenças por ano. Os centros públicos poderiam reduzir bastante esse número, assegurou Durval Kraychete, “se tivesse uma avaliação adequada, um diagnóstico correto e um tratamento também condizente com a doença que o paciente apresente. Porque o que acontece é que tem muita doença de coluna que é mal diagnosticada, mal tratada e muito uso inadequado da dor de coluna na Previdência Social”.

O especialista defendeu a adoção de uma política de educação continuada, não só para a população, mas também para os profissionais de saúde, de modo a permitir abordagens e diagnóstico corretos da dor. Ele lamentou que poucas universidades do país tenham o estudo da dor nos currículos médicos. “Ou de qualquer profissional, já que a abordagem da dor crônica é multidisciplinar”. Segundo Kraychete, isso deveria valer tanto para medicina, quanto para a odontologia, a enfermagem, a fisioterapia e outras especialidades. “O desconhecimento começa, muitas vezes, no diagnóstico incorreto”.

FONTE:  Alana Gandra
             Agência Brasil

domingo, 13 de janeiro de 2013

Novas edições das revistas 'Poli' e 'Rets' estão disponíveis na íntegra na intenet

FONTE: AGÊNCIA FIOCRUZ DE NOTÍCIAS


As novas edições das revistas Poli e Rets, publicadas pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), já estão disponíveis no site da escola. A edição n° 26 da Poli, de janeiro e fevereiro de 2013, traz matéria de capa sobre os principais desafios que os novos gestores municipais de saúde, que assumiram após as eleições, terão que enfrentar para garantir o direito à saúde nos 5.570 municípios brasileiros. A edição também traz uma entrevista com o filósofo brasileiro radicado na França Michael Löwy, que fala sobre a crise do capitalismo e os movimentos reivindicatórios surgidos a partir dela em todo o mundo. Um dos autores do Manifesto Ecossocialista, Löwy também discute possíveis soluções para a crise ecológica desencadeada pelo processo de desenvolvimento do capitalismo. Outros destaques são a reportagem sobre a seguridade social, que vem tendo suas fontes de financiamento sistematicamente enfraquecidas por meio de isenções fiscais, e uma matéria sobre o dossiê da Abrasco sobre agrotóxicos, cuja terceira e última parte foi lançada no final do ano passado.  
Já a edição n° 14 da Rets traz matéria de capa sobre o 2º Seminário Internacional Formação de Trabalhadores Técnicos em Saúde no Mercosul. O evento, que repetiu o sucesso de sua primeira versão, realizada há quatro anos, mostrou alguns avanços, ainda que pequenos, que ocorreram nesse campo e trouxe algumas propostas para a ampliação das pesquisas sobre o tema. A grande novidade é o lançamento da seção Os técnicos em saúde no mundo, criada com o intuito de apresentar, em cada edição da revista, um breve panorama da educação de técnicos de saúde nos países representados na rede, bem como divulgar aspectos da formação e do trabalho desses técnicos, dando a eles maior visibilidade e ressaltando a importância do papel que eles exercem nos sistemas nacionais de saúde.

A revista traz também uma matéria sobre a nova estratégia de ação para o período de 2013 a 2016 da Aliança Global para a Força de Trabalho em Saúde (GHWA, do inglês Global Health Workforce Alliance), cujo título é Promover a agenda da força de trabalho em saúde rumo à cobertura universal. Para concluir, dicas sobre publicações e websites que valem a pena ser conhecidos e algumas notas sobre a rede e ações de cooperação entre os membros.
Acesse as revistas na íntegra:
Revista Poli n° 26

Revista Rets n° 14


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Vacina contra o HPV também previne câncer de ânus



Nova indicação foi aprovada pela Anvisa e contempla ambos os sexos

A vacina quadrivalente contra o HPV (papilomavírus humano) ganhou mais uma indicação devidamente aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária): prevenir o câncer anal em ambos os sexos. Até então, a imunização era indicada para blindar as mulheres contra o câncer de colo de útero e os homens de verrugas genitais.
Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), o tumor é raro e representa de 1% a 2% de todos os cânceres do cólon e de 2% a 4% de todos os tipos de tumores que acometem o intestino grosso.

No entanto, o ginecologista Dr. Nelson Valente Martins, professor adjunto de Ginecologia Oncológica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), avisa que nos últimos anos a incidência de câncer de ânus vem aumentando de forma alarmante e já ultrapassou os tumores de vulva e vagina.
— O câncer anal é mais frequente entre homossexuais, pacientes com HIV e mulheres com lesões induzidas por HPV, mas isso não exclui outros grupos de contrair a doença. Por isso, todos precisam adotar métodos de prevenção.

Como o papilomavírus humano é altamente transmissível, a relação sexual anal não é a única forma de contágio. Nesse cenário, a vacina entra como uma forte arma preventiva.
— Apesar de eficaz, a vacina não protege contra todos os tipos de HPV, por isso é essencial usar camisinha nas relações sexuais, evitar múltiplos parceiros e fazer exames de rotina.
Se detectado de forma precoce, alerta o ginecologista, a chance de cura do câncer anal é quase certa. O sintoma mais comum da doença é sangramento durante a evacuação associado à dor.
— O tratamento vai depender do estágio da doença, mas pode ser clínico ou cirúrgico. Por isso, reforço que os exames preventivos não podem ser esquecidos pela população.

A recomendação de idade para a administração da vacina contra o HPV continua a mesma, ou seja, meninos e meninas entre nove e 26 anos, de preferência antes da iniciação sexual. Por enquanto, ela não está disponível na rede pública de saúde e o custo da imunização em clínicas particulares pode ultrapassar os R$ 1.000,00 (três doses).

Fonte: R7 saúde - Fabiana Grillo

Redução de Danos: do trabalho de campo à clínica em CAPSad



Arnor Trindade
Bárbara Coelho Ferreira

O objetivo deste trabalho é discutir aspectos relacionados às estratégias de redução de danos em diferentes contextos e suas interfaces. Propomos relacionar as ações de redução de danos em sua forma mais tradicional, em território, com as estratégias utilizadas num serviço de atenção aos usuários de álcool e drogas, mais especificamente, em CAPS-ad.

Colocada em pauta no contexto das políticas públicas no final do século XX, sobretudo em resposta à epidemia da AIDS, as estratégias de redução de danos foram incorporadas às políticas públicas de saúde. O Ministério da Saúde ao lançar, em 2003, a sua política para o campo de álcool e outras drogas, colocou a redução de danos como a perspectiva fundamental de abordagem aos usuários. Derivada de uma preocupação específica, a transmissão do HIV, que permitiu a fundamentação e a estruturação das estratégias iniciais de RD, posteriormente a redução de danos é elencada como a principal forma, senão a única, de atenção aos usuários de drogas. De prática territorial exercida por redutores a estratégia de abordagem em serviços de saúde, a RD vem sofrendo modificações no seu percurso a medida que novas práticas são associadas a novos contextos.

Redução de danos em território, redução de danos à saúde, redução de danos sociais, redução de danos como perspectiva: o que significa dizer que um serviço de saúde atende na proposta da redução de danos? Quais as articulações possíveis entre uma clínica institucional e as práticas constituídas em abordagem de campo? Estas são algumas questões que com este trabalho pretendemos discutir.

Com o advento da epidemia de AIDS nos anos 80 e o alto índice de contaminação entre os usuários de drogas injetáveis no Brasil, foi preciso pensar em estratégias inéditas de prevenção para alcançar este público. Portanto, nos anos 90, as estratégias de Redução de Danos surgiram e se consolidaram como respostas pragmáticas à transmissão de HIV neste contexto. Foram vários os desafios enfrentados nesses anos iniciais de implementação das estratégias de RD. Com o passar do tempo, a AIDS deixou de ser a maior preocupação no que diz respeito aos usuários de drogas,  as drogas injetáveis perderam espaço no Brasil e a RD se configurou de outras formas, ampliando seu espectro de ação,  flexibilizando e criando novas práticas, estruturando-se conceitualmente, possibilitando novos caminhos na abordagem ao usuário de drogas.

De fato, a redução de danos foi deixando aos poucos de ser um conjunto de ações muito  específicas (distribuição e troca de insumos), para um público muito específico (usuários de drogas injetáveis) para assumir um papel preponderante no campo de atenção ao usuário de drogas. No Brasil, podemos considerar que o grande marco para este redirecionamento da Redução de Danos foi a publicação, em 2003, da Política de Atenção aos Usuários de Álcool e outras Drogas do Ministério da Saúde. Quando, enfim, o Brasil assume a responsabilidade no campo da saúde pelos problemas causados pelo uso abusivo de drogas a sua política surge formatada sob a égide da Redução de Danos. 

As leis, políticas e portarias posteriores no campo das drogas vão legitimar e referendar a Redução de Danos como estratégia para a abordagem dos problemas sociais e de saúde causados pelo uso de drogas. A lei 11 343/2006, por exemplo, vai dispor em seu artigo 19, que trata da prevenção: “o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento do uso” e da redução de riscos como resultados desejáveis das atividades de natureza preventiva, quando da definição dos objetivos a serem alcançados”. Mais à frente, no artigo 22, que dispõe sobre tratamento: “definição de projeto terapêutico individualizado, orientado para a inclusão social e para a redução de riscos e de danos sociais e à saúde;”  A Política Nacional Sobre Drogas, de 2005, vai estabelecer, como um dos seus objetivos: “Reduzir as conseqüências sociais e de saúde decorrentes do uso indevido de drogas para a pessoa, a comunidade e a sociedade” (SENAD, 2005).

Observa-se que esta Redução de Danos que se legitima não é mais apenas um conjunto de práticas destinadas à prevenção da transmissão das DST’s. O foco agora passa a ser todos os danos evitáveis do uso de drogas. Não é mais direcionada para um grupo específico de usuários de drogas, mas para todos os usuários de drogas, em suma, para toda a sociedade.

A partir destes pontos que fundamentam e estruturam a Redução de Danos, há uma ampliação das possibilidades de intervenção no campo da saúde. Assim, os serviços das redes de saúde em todos os níveis, devem fundamentar suas práticas assistenciais ao usuário de drogas dentro dos princípios da RD. As abordagens nos territórios de uso de drogas, as chamadas “cenas de uso”, por sua vez, ganham espaço no campo das Políticas Públicas, surgem novos  dispositivos para a atenção de usuários de álcool e outras drogas em situação de rua: os Consultórios de Rua. Compostos por equipe multidisciplinar (Assistente Social, Enfermeiro, Psicólogo e Redutor de Danos) este trabalho caracteriza-se por marcar seu encontro com os usuários de drogas nos locais de uso. E tem como princípios norteadores, a RD, a Reforma Psiquiátrica, a Intersetorialidade e os Direitos Humanos.

Em Belo Horizonte foram implantadas duas equipes de Consultório de Rua.  Uma delas teve início em meados de março de 2011, localizada na denominada “crackolândia” da cidade – a Pedreira Prado Lopes. A inauguração do Consultório de Rua nesta região se dá pelo alarde midiático que assombra e deixa marcas neste lugar: pedreira, pedras, crack. O número de usuários consumindo crack na cena pública é algo evidenciado neste território, mas encontramos usuários comprometidos com uso de outras drogas, como álcool, por exemplo. Os efeitos produzidos pela mídia intensificam o fardo do estigma que a chamada pátria dos crackeiros carrega.

Circulando entre ruas, becos e “bocas”, são encontradas vidas marcadas pela violação de direitos humanos e discriminação social, que ao se deparar com um dispositivo que se predispõe a levar cuidado, permitem uma abertura para uma atuação que não se restringe a distribuição de insumos de saúde, mas seguem a direção da lógica da RD. Com a chegada dos trabalhadores da saúde em campo, o vínculo com usuários, comunidade e com o território de uma maneira geral, vai sendo fortalecido a cada encontro: fazer laço é a orientação. A presença constante da equipe junto aos usuários que estão na rua para consumir drogas já faz surtir efeitos que são uma resposta à relação de vínculo estabelecida, como uma regra instituída pelos próprios usuários no momento da abordagem da equipe: “parar de fumar pra conversar”.

O veículo da equipe (uma van) se torna um espaço de referência para os usuários que demarca um momento de “trocar idéia” ou “dar um tempo”, ou seja, adiar o uso da droga na tentativa de retomar um lugar no laço social através de outras possibilidades. São ofertadas in loco atividades que priorizam a coletividade, no sentido de criar laços entre os usuários, quase sempre isolados um dos outros, com a proposta de realização de oficinas como: Festa Junina, conversação sobre sexualidade, bingo, roda de conversa sobre saúde e higiene bucal nomeada “Cuidando da Boca”, entre outras. A prioridade é criar um ambiente atrativo, com estratégias construídas junto aos usuários, introduzindo outros artifícios no circuito da relação sujeito-droga, que também é RD. Como nos adverte Rotelli: “O que fazer? É óbvio: ser mais sedutores que a droga, saber desencadear circuitos de ampliação não-químicos, concorrentes” (ROTELLI, 1991).

Assim, a cada “parada”, intervalo entre uma pedra e outra é possível escutar, intervir, ofertar, acompanhar e encaminhar, sendo este o propósito do Consultório de Rua apontado pelo Ministério da Saúde:

Oferecer ao segmento de usuários de substâncias psicoativas em situação de maior vulnerabilidade a disponibilização de recursos para os cuidados básicos de saúde, atendendo-os em seus locais de permanência e encaminhando as demandas mais complexas para a rede de saúde. Nesse sentido, uma das suas funções é atuar como uma ponte para a população que está à margem do sistema de saúde e possibilitar sua inserção na rede. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010, p. 13)

Os encaminhamentos para a Rede Intersetorial vão se efetivando na medida em que as demandas vão surgindo. Na singularidade de cada caso, as políticas no âmbito da Saúde, Assistência Social, Cultura, entre outras, vão sendo estabelecidos o acompanhamento integral aos usuários. Forma de tratamento que visa minimizar os danos à saúde e riscos sociais da vulnerabilidade das situações de vida, priorizando a efetivação da cidadania.

A RD permite uma mobilidade, servindo de referência e ponte entre o sujeito e o laço social do qual parece apartado. Criam-se as condições de trabalho favoráveis ao acolhimento desses sujeitos, construindo com eles esquemas de proteção e de auto-cuidado, fundamentais para o exercício da cidadania dos usuários de drogas. (CONTE, Marta, et al. 2004).


Como vemos, a experiência do Consultório de Rua reafirma a atuação da Redução de Danos em território, mas ao mesmo tempo amplia as suas possibilidades de intervenção, na medida em que não visa mais apenas um fim específico – a prevenção de HIV/AIDS e outras DST’s - mas permite a abordagem de diversas questões em saúde e também sociais vividas pelo público abordado, através de uma escuta sem estigmas, sem condenação, possibilitando a construção de caminhos singulares, exigindo a criação de tecnologias novas e diversas. Uma aposta no sujeito e no laço que com ele se possa estabelecer. Configura-se assim uma concepção ampla de redução de danos, que vai além de um conjunto de técnicas e intervenções definidas, mas toma o modo geral de uma perspectiva em atenção ao usuário de drogas:

Redução de danos é a flexibilidade no contrato com o usuário. Significa estabelecer vínculo, facilitar o acesso às informações e orientações, estimular a ida ao serviço de saúde (quando necessário), utilizando propostas diversificadas e construídas com cada usuário e sua rede social (CONTE, e cols – ET all- 2004)

É a partir desta concepção ampliada de Redução de Danos que é possível pensar uma rede de atenção que possa alcançar pessoas usuárias de diferentes drogas em seus variados contextos, permitindo a articulação em diferentes níveis de cuidado, seja na atenção primária, no Consultório de Rua, no CAPSad, no Centro de Convivência  ou no Hospital Geral .

Num contexto de tratamento, ou pelo menos na fase mais crítica do tratamento que o CAPS-ad se propõe a realizar, a atuação a partir de uma perspectiva de redução de danos coloca outras questões. Ali, a pessoa não está mais em seu território. Ela chega, em geral, formulando uma demanda que é parar de usar determinada droga. Muitas vezes esta demanda, assim colocada, é expressa ou reforçada pela família. O acolhimento realizado pelo profissional do CAPS já deve ser pautado pela postura de um redutor de danos, alguém que não vai julgar, não vai exigir, mas que está disposto a escutar, desconstruir e construir junto. Este atendimento inicial é muito importante na construção de laços transferenciais que vão pautar o tratamento a partir dali.

Uma vez inserido no CAPSad, novos desafios são colocados: ali o indivíduo não pode ter o mesmo comportamento que teria nos contextos de uso, como na rua ou em casa, por exemplo. Em geral, as drogas de uso permitido num CAPS-ad são apenas o tabaco e as prescritas pelo médico, além de algum café. Dentro da instituição, com suas regras, seus horários, seu modo de funcionamento, seu compromisso institucional e ético, a redução de danos, para além de uma postura acolhedora, se configura em novas práticas, novas intervenções, também de caráter preventivo, uma vez que o próprio tratamento pode ser considerado uma prevenção terciária.

O público presente num CAPS-ad é diverso: vêm de diferentes regiões da cidade, têm diferentes etnias, orientações sexuais diversas, comorbidades clínicas, orgânicas e mentais, diferentes níveis sócio-econômicos, fazem uso de drogas diversas, em variados contextos. Apresentam, por isto mesmo, demandas distintas e precisam ser escutados e abordados em suas singularidades.  Embora a primeira demanda expressa seja, como foi dito, cessar o uso de drogas, verifica-se a posteriori que esta demanda muitas vezes é formulada pelo usuário para atender uma expectativa da família ou a que ele imagina ser dos profissionais do serviço. De fato, aos poucos as demandas vão se clarificando: Um quer parar de usar todas as drogas, outro quer cessar o uso apenas de uma droga específica, outro quer apenas se recuperar do uso que faz durante a noite, dar um tempo, reduzir o uso, estabelecer melhor relação com a família, ser cuidado durante uma crise de intoxicação ou de abstinência, se livrar de uma depressão, etc. Diante dessas demandas expressas ou ocultas, os profissionais dos CAPSad podem lançar mão de algumas técnicas e estratégias que estão dentro das possibilidades de redução de danos. Citaremos algumas das mais comuns:

Adiamento do uso: sabiamente, diferente do que prometem as Comunidades Terapêuticas, os grupos de mútua ajuda, como os AA, ensinam aos seus participantes a ficarem sem usar a droga “só por hoje”. Eles utilizam a estratégia do adiamento que está no escopo da RD, embora o façam a partir de outro princípio. Num CAPS, o que é possível com muitos usuários é um adiamento do uso. Este adiamento pode ser de algumas horas, de alguns dias, meses ou anos. Neste intervalo entre um uso e outro é possível fazer alguma ação clínica que permita, de algum modo, o sujeito re-significar o seu uso, compreender-se melhor e estabelecer estratégias de cuidado.

Terapias de substituição e tratamento da síndrome de abstinência: As terapias de substituição e tratamento da abstinência estão entre as ações mais antigas de RD. Na década de 20, muito antes da epidemia de AIDS, médicos no Reino Unido já prescreviam heroína aos pacientes para evitar a síndrome de abstinência. Nos CAPSad é comum, diante da SAA, a prescrição de benzodiazepínicos e tiamina para evitar agravos maiores. Esta prescrição independe do desejo ou não do paciente querer parar de usar etílicos, mas constitui uma medida de cuidado e prevenção eficientes num momento de interrupção do uso. Em alguns CAPS são atendidos pacientes dependentes de heroína e outros opióides, drogas que podem provocar intensa síndrome de abstinência. Constitui parte do tratamento a redução de danos relacionada a este período a utilização de opióides menos danosos como a metadona.

Abstinência de uma das drogas de uso: Muitas vezes o paciente que chega a um CAPSad faz uso de diversas drogas, mas traz como problema o uso de apenas uma delas. Os profissionais que o atendem devem estar atentos à demanda do usuário. Às vezes ele é um fumante e alcoolista, mas traz, num primeiro momento, o uso de álcool como problema.  Outro pode ser usuário de crack e maconha, mas não quer parar de usar esta última e então o tratamento deve ser focado  no uso do crack.

Tratamento das comorbidades: É comum aparecerem comorbidades associadas ao uso de drogas. Algumas comorbidades são provocadas pelo uso e outras antecedentes ao mesmo. No primeiro caso, podemos citar as doenças provocadas pelo etilismo como agravos no sistema digestivo, nervoso, circulatório, que precisam ser consideradas e tratadas. No segundo caso, as depressões ou ansiedades que emergem após um período sem o uso das drogas. Também precisam ser investigadas e tratadas, pois em muitos casos elas estão na origem do uso.

Uso controlado e redução de uso: Muitos usuários, que não querem parar de usar sua droga de escolha, conseguem, com acompanhamento adequado fazer um uso da droga com maior controle, escolhendo melhor o momento, a quantidade e o ambiente de uso. A idéia de que não é possível ao dependente controle do uso não se confirma na clínica. São conhecidos casos em que o paciente em acompanhamento reduz significativamente o seu uso, o que lhe permite se colocar de outra forma na sociedade e exercer papéis e funções das quais antes não era capaz.

Acompanhamento das famílias: Muitos dos problemas trazidos pelos usuários em tratamento dizem respeito à dinâmica familiar. Na sua história com o uso de drogas vários conflitos foram ali estabelecidos. Uma abordagem junto à família, de forma que a mesma se sinta ouvida e possa desfazer seus fantasmas e medos em relação ao dependente, possibilita uma relação menos dolorida e menos conflituosa entre os seus membros.

Algumas questões, no entanto, se colocam para o CAPS-ad: Ao mesmo tempo em que se estrutura a partir de uma perspectiva de redução de danos, ele é cobrado pela sociedade, ou por alguns segmentos dela, em função dos resultados produzidos em termos de abstinência. É comum ouvirmos da imprensa, quando em visita aos CAPS, a seguinte pergunta: qual a porcentagem de recuperação? De fato esta pergunta mal formulada causa embaraço: seja pela dificuldade de definir recuperação no campo da drogadicção, seja pela dificuldade que os serviços ainda têm na produção de dados relativos aos resultados do tratamento.

Por outro lado temos observado que muitos profissionais que trabalham em CAPS-ad ainda não assimilaram muito bem o que seja trabalhar na perspectiva da redução de danos. Para muitos a redução de danos é aplicada em apenas alguns pacientes, normalmente aqueles pacientes que “não têm jeito”.  É comum ainda ver-se a discussão da admissão, da alta e do encaminhamento pautados pela abstinência ou não de drogas. Assim, se o indivíduo já está abstinente há algum tempo, por exemplo, já está em situação de alta. Estas distorções se devem, em parte, a uma má compreensão da redução de danos e suas possibilidades. De outra parte, ela convoca a uma discussão sobre a estruturação da rede.

Para além do CAPSad,  é preciso pensar a redução de danos em vários pontos da rede. A abordagem ao uso de drogas, nesta perspectiva, vai muito além de intervenções ou tratamento do dependente. Ela pode orientar práticas preventivas na atenção primária, nos dispositivos de saúde mental e em outros ambientes da saúde. Acreditamos que  a interlocução entre os diferentes dispositivos de atenção seja imprescindível, e neste contexto dispositivos como o CERSAMad e os Consultórios de Rua devem ser os protagonistas desta ação

Finalmente não podemos deixar de considerar a forma que o uso de drogas atravessa o imaginário social. A figura do usuário associado ao mal, ao demoníaco, à marginalidade e à fraqueza de caráter perpassa a clínica, e os profissionais não são inócuos a uma perspectiva moralista que está presente em toda a sociedade. No entanto, apesar das dificuldades existentes, a redução de danos vem se afirmando como a perspectiva mais humana, mais avançada, mais justa e mais promissora na abordagem de um fenômeno tão complexo que atinge, direta ou indiretamente, a todos nós.