SAÚDE EM MOVIMENTOS NAS RUAS
“Saúde em Movimento nas Ruas” surgiu por meio da união da Estratégia de Saúde da Família e do Consultório de Rua, que trabalha pela ótica da Redução de Danos. Desse modo, podemos dizer que o trabalho funciona por uma lógica em que redução de danos significa promover saúde como uma forma de exercer e produzir cidadania a partir da singularidade do território e de cada indivíduo.
O BONDE DA SAÚDE
Atualmente nossa equipe realiza no CMS Oswaldo Cruz várias oficinas que demandam materiais lúdicos e artísticos que estimulam e possibilitam a ampliação da expressão e da comunicação dos usuários do serviço por meio de linguagens não verbais, assim como a aderência ao acompanhamento de sua saúde e o seu processo de vinculação ao serviço.
Esse trabalho não se restringe ao espaço fechado do posto, mas também ganha lugar nas ruas por meio de Ações de Promoção em saúde e diversos tipos de oficinas.
Partindo dos nossos grupos de trabalho (de nossas ações, oficinas e expertises nas ruas) estruturamos um trabalho de cunho multidisciplinar, em que entendemos que o trabalho de redução de danos, a educação popular e a terapêutica caminham juntas.
PROPOSTA DE TRABALHO A SER REALIZADA NAS RUAS
Inicialmente a equipe entregará insumos como copos de água mineral, batom de manteiga de cacau e camisinha visando promover não apenas os aspectos de saúde e cuidado (pela ótica da redução de danos), mas também procurar diminuir a notória distância entre a rua e o CMS e nutrir um trabalho de aproximação e contato, i.e., promover a vinculação com a nossa clientela. Após a entrega dos insumos realizaremos as oficinas propostas abaixo de modo não concomitante.
O DESPERTAR LÚDICO: DA FANTASIA PARA O REAL
As oficinas realizadas na rua requerem uma minuciosa organização, um especial planejamento e uma grande prática de improvisação para as demandas que serão apresentadas pela clientela a ser atendida, já que em nosso território de trabalho as circunstâncias mais imponderáveis são iminentes. Algumas propostas de oficinas a serem realizadas:
Oficinas de respiração e consciência corporal
Oficinas utilizando materiais lúdicos que promovam a percepção corporal
Oficinas de capoeira
Oficinas que envolvam a música como processo terapêutico (identidades e identificações musicais) – O que te toca quando eu toco?
Oficina de construção de cachimbo (utilização de material reciclado – auto-gestão)
CLIENTELA
População em situação de rua em geral
METODOLOGIA
A metodologia empregada foi o modelo qualitativo-descritivo, nos moldes da pesquisa-participante, uma vez que o pesquisador se coloca como observador de uma situação social, com a finalidade de realizar uma investigação científica. O pesquisador fica em relação direta com seus interlocutores no espaço social deles, no seu cenário cultural com a finalidade de colher dados e compreender o contexto da pesquisa. (Minayo & Deslandes, 2007). E, como a música, a expressão sonoro-rítmica, o canto de canções e a arte também podem ser consideradas como o meio através da qual os grupos, de forma espontânea e informal (modo), estarão vivenciando a experiência terapêutica.
Outra metodologia foi também considerada: Bauer (2002) apresenta algumas possibilidades de pesquisa envolvendo a música e o ruído como dados sociais: a análise do gosto e apreciação musical como indicadores sociais que possibilita conhecer o universo dos sujeitos e dos grupos num estudo.
JUSTIFICATIVA
1. Atingir uma parcela considerável da população com dificuldade de vinculação e aderência a qualquer tipo de serviço, principalmente promovendo a adesão ao SUS;
2. Resgate da identidade e das identificações do sujeito - “Sujeito como sujeito” e não como objeto.
DESDOBRAMENTO DO PROCESSO DE VINCULAÇÃO
Alguns exemplos de atividades em grupo realizadas com êxito no CMS após desenvolvimento de trabalho de acompanhamento, confiança e vinculação com a nossa clientela
(Oficina de “Livre expressão” – arteterapia aplicada)
Colagens de apresentação
Papel sobre papel – dos fragmentos ao todo: integrando a comunicação
Facilitadora do início do processo arteterapêutico, estruturadora, ordenadora, integradora.
“Fazer colagens é como desenhar com tesouras” Matisse.
Material utilizado:
1. Papel 40kgs
2. Tesouras com ponta e sem ponta
3. Réguas 30 cm
4. Canetinha
5. Caneta Pilot (diversas cores)
6. Fitas adesivas transparentes 50x50 cm
7. Fitas adesivas de papel
8. Verniz fixador fosco Spray Acrilfix ou similar
9. Estojo de Cola colorida
10. Cola Branca Cascorez extra 1kg
11. Jornal e revistas
Desenho: Con-figurações (“Se você fosse uma flor, que flor você seria?”)
Prática lúdica, percepção espacial, percepção das relações, expressão conceitual através da forma, coordenação viso-motora, objetividade, delinear e configurar, delinear e designar.
Material utilizado:
1. Papel 40kgs
2. Réguas 30 cm
3. Giz de cera
4. Pastel seco
5. Pastel oleoso
6. Carvão
7. Lápis de cor
8. Canetinha
9. Caneta Pilot (diversas cores)
10. Estojo de Cola colorida
11. Fitas adesivas transparentes 50x50 cm
12. Fitas adesivas de papel
13. Esmalte de unha (diversas cores)
14. Verniz fixador fosco Spray Acrilfix ou similar
(Oficina de “Livre expressão” – arteterapia aplicada)
Desenhos do contorno do próprio corpo
O corpo bidimensional
Possibilidade de trabalho com a identidade e identificações, de restauração, preenchimento e ressignificação da forma e com a forma corporal.
Material utilizado:
1. Papel pardo
2. Papel bobina
3. Papel manilha (no trabalho acima: 2 folhas de papel 40kgs precisaram ser coladas)
4. Giz de cera
5. Pastel seco
6. Pastel oleoso
7. Carvão
8. Lápis de cor
9. Canetinha
10. Caneta Pilot (diversas cores)
11. Esmalte de unha (diversas cores)
12. Verniz fixador fosco Spray Acrilfix ou similar
13. Estojo de Cola colorida
14. Cola Branca Cascorez extra 1kg
(Oficina de “Livre expressão” – arteterapia aplicada)
O corpo tridimensional
A produção do grupo de um bebê menina de 3 anos (escolha do grupo)
O dar a forma, a construção em grupo, do corpo individual para o corpo do grupo. Restauração, integração, identidade e identificações.
Material utilizado:
1. Jornal
2. Tesouras sem ponta
3. Tesouras com ponta
4. Fita adesiva de papel
5. Fita adesiva plástica
6. Canetinha
7. Caneta Pilot (diversas cores)
8. Estojo de Cola colorida
9. Cola Branca Cascorez extra 1kg
10. Saco de lixo de 5 litros
11. Lã (diversas cores)
12. Rolo de barbante
13. Chapéu / boné (de palha, de plástico)
14. Óculos de plástico (diferentes cores)
15. Roupas ou vestimentas
16. Tecidos
17. Agulhas e linhas
18. Arame fino
19. Palito de churrasco
AÇÕES DE PROMOÇÃO DE SAÚDE
São desenvolvidas também ações educativas e oficinas de idéias em promoção da saúde tanto no CMS quanto na rua com a nossa clientela.
Canto, canções, histórias e muita música
O resgate das histórias por meio da música e o fortalecimento das relações
GRUPO DE MUSICOTERAPIA EM EQUIPAMENTO PARCEIRO
BLOCO DE CARNAVAL “UNIDOS DO ATELIÊ”
O trabalho em grupo “Unidos do Ateliê” originou-se, no final de setembro de 2010, a partir da demanda de cuidado e saúde de pessoas que se encontram em grave situação de vulnerabilidade social e que, por meio de atendimentos de grupo em musicoterapia e arteterapia, tiveram a oportunidade de criar um bloco de carnaval.
Mesmo em um curto período de tempo foi possível trabalhar o resgate das identidades e identificações dessas pessoas que puderam se expressar cantando antigas marchinhas de carnaval e sambas conhecidos, além de criarem máscaras, fantasias, bandeiras e outros materiais criativos.
O resultado do trabalho, mais do que o expressivo e criativo, se deu pelo que os próprios integrantes do grupo nomearam como um presente, um verdadeiro resgate do respeito, dignidade, alegria e cidadania.
PROPOSTAS DE TRABALHOS DE GRUPO EM OFICINAS DE SAÚDE MENTAL (DE ARTETERAPIA E MUSICOTERAPIA) A SEREM REALIZADOS
Construção da sua casa
Continente, território, segundo território depois do corpo
Material Utilizado:
1. Argila
2. Cola Branca Cascorez extra 1kg
3. Papel Marche
4. Palito de sorvete
5. Papelão
6. Placa de Eucatex (50x50)
7. Placa de Eucatex (40x40)
8. Placa de Eucatex (30x30)
9. Tinta acrílica (diversas cores)
10. Pincéis (diferentes formatos)
11. Verniz
12. Massa corrida
13. Lixa de parede (diversas gramaturas)
14. Papel crepon
Máscaras de jornal / A potência da representação e da criação
(O que ou quem você deseja representar?)
Material utilizado:
1. Jornal
2. Cola Branca Cascorez extra 1kg
3. Papel Marche
4. 1 saco de balão de gás
5. Pincéis de tamanhos diversos
6. Rolinho de pintura
7. Estiletes Olfa 180
8. Estiletes Olfa 300
9. Tesouras com ponta
10 Tintas acrílicas de diversas cores
11. Fita adesiva transparente ou branca
12. Massa corrida
13. Elástico de costura (leve)
DESAFIOS OBSERVADOS E IMPORTANTES QUESTÕES LEVANTADAS
· A identificar as expertises de cada indivíduo da equipe potencializando nossa força de ação;
· Enfatizar a importância do conhecimento histórico-político, geográfico do local;
· A importância do mapeamento, formação e sensibilização de rede constante;
· Como lidar com a falta de insumos?;
· Valorização da escuta individual;
· Formação constante da equipe;
· Importância do planejamento “móvel” (acompanhamento dos usuários apesar da intensa migração);
· O vínculo como a essência do desenvolvimento do trabalho;
· Valorização do descarte de possíveis preconceitos ou julgamento (social e/ou pessoal).
