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ESF POP RUA

domingo, 31 de março de 2013

O parto normal em extinção no Brasil



Ministério da Saúde prepara ação para reduzir em 10% os partos cirúrgicos e alerta: há uma epidemia de cesarianas antecipadas sem necessidade no país


O acompanhamento de um parto normal é complicado, principalmente nas grandes cidades, onde a vida do médico é corrida e ele tem vários empregos. Uma cesariana leva uma ou duas horas. Um parto normal pode demorar mais de seis horas, e a remunieração feita pelos planos de saúde é muito próxima. Isso passou a ser uma comodidade”, admite Desiré Callegari, do Conselho Federal de Medicina
Desde fins do século XIX, quando a medicina conseguiu finalmente difundir as técnicas de anestesia e os procedimentos para evitar infecções, realizar os partos por meio de um procedimento cirúrgico é uma opção ao alcance das mulheres em grande parte do planeta. Descoberta quase por acidente, quando em 1500 um castrador de porcos suíço conseguiu autorização para abrir a barriga da mulher, que reclamava de fortes dores, as cesarianas progressivamente tornaram os partos mais seguros e menos sofridos, principalmente quando há risco para gestantes e bebês. No ranking da Organização Mundial de Saúde  (OMS), o Brasil aparece em segunda colocação entre os países com mais cesarianas em relação ao total de nascimentos. De 2000 a 2010, dos novos brasileiros que vieram ao mundo, 43,8% foram partos por cesariana, deixando o país atrás apenas do Chipre, que teve 50,9%.
O Ministério da Saúde passou a ver com preocupação esse índice, que ultrapassa em muito os 15% considerados adequados pela OMS. A concentração maior se dá na rede privada, que atualmente faz 80% dos partos por cesariana. Na rede pública, os partos por cirurgia são 40%. “Há uma epidemia de cesarianas no Brasil”, afirma Dário Pasche, diretor do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas (DAPES), do Ministério da Saúde. Para ele, há um misto de comodismo e questões de mercado por parte dos médicos, que acabam evitando o parto normal. Estados Unidos, França e Argentina tiveram, entre os anos de 2000 a 2010,  taxas de 31,8%, 20,2% e 22,7% de cesarianas, respectivamente.
Nos próximos meses, o Ministério da Saúde vai lançar um conjunto de ações para estimular os partos normais e evitar o que chama de cesarianas desnecessárias ou antecipadas na rede pública e conveniada ao SUS – aqueles hospitais particulares onde as internações são pagas pela saúde pública. Uma resolução que aguarda a assinatura do ministro Alexandre Padilha estabelece meta de redução de 10% em cada unidade da rede pública. Outra medida nesse sentido é um edital de pesquisa internacional, cuja criação está sendo auxiliada pela Fundação Bill e Melinda Gates. O objetivo do estudo é encontrar caminhos para reduzir os casos de partos cirúrgicos desnecessários – algo que passa tanto pelas políticas de saúde pública quanto pela transformação da cultura entre as gestantes.
“A cesariana salva vidas. É uma técnica que fez a humanidade prosperar. Mas quando se abusa desse recurso, criamos um outro problema”, avalia Pasche. O risco, como explica, não está na cesariana isoladamente, mas no efeito que tem a opção em massa por esse tipo de parto. Com os agendamentos, a tendência é de se encurtar a gravidez. E o índice de nascimentos prematuros também é alto no Brasil, de 10%, quando o aceitável internacionalmente é de 3%. “A quantidade de bebês que nasce prematuramente no Brasil tem aumentado assustadoramente. Reduzir esse número é um dos maiores desafios no campo da saúde da criança”, diz Pasche.
Os primeiros dias de vida recebem, no momento, atenção especial do ministério. Entre 2000 e 2010, o país derrubou a mortalidade infantil (de idades entre 29 dias e 1 ano), indo de 26,6 para 16,2 casos por mil nascidos vivos. Mas o Brasil não teve o mesmo êxito na redução da mortalidade neonatal, que está diretamente ligada à proporção de nascimentos prematuros e de cesarianas antecipadas.
Pela OMS são considerados prematuros bebês que nascem antes de 37 semanas completas – o natural são até 42. Passou a ser usual o agendamento já a partir da 37ª semana - o que aproxima o parto da prematuridade. Responsável pelo setor de medicina fetal do Instituto Fernandes Figueira, ligado à Fiocruz e dedicado à saúde da mulher e da criança, Paulo Nassar vê na antecipação dos partos um risco para a saúde dos bebês. “A ultrassonografia tem margem de erro de uma semana. Uma mãe que agende a cesariana para a 37ª semana pode, na verdade, estar abreviando o nascimento para a 36ª”, alerta.
Nascer antes do tempo traz riscos principalmente para o sistema respiratório. Os pulmões do bebê se formam quando ocorre o estouro da bolsa, que representa o “sinal verde” do corpo para o nascimento. “Quando a mulher entra em trabalho de parto, há uma série de substâncias que amadurecem vários órgãos, principalmente o pulmão”, explica Nassar. Incapazes de respirar sozinhos, os recém-nascidos são afastados de suas mães e mantidos em UTIs neonatais. Por ano, cerca de 15 milhões de crianças no mundo são prematuras. Ou seja, mais de um a cada 10 bebês nasce antes da marca das 37 semanas – o que representa a principal causa da morte de recém-nascidos. A estimativa é de que um milhão de prematuros morram anualmente de complicações.
Mães e médicos 
 Dois fatores são decisivos para que as cesarianas sejam cada vez mais a forma de nascer dos brasileiros. Um deles vem das próprias gestantes. Uma pesquisa da Agência Nacional de Saúde Suplementar feita nos consultórios médicos mostrou que 70% das gestantes têm, inicialmente, vontade de dar à luz pelo parto normal. No último trimestre, só 30% se mantêm com o propósito de esperar as contrações e enfrentar o processo natural. “Alguma coisa acontece durante o pré-natal e faz com que as mulheres mudem de ideia. Temos observado também que, muitas vezes, essas indicações de cesariana são feitas no primeiro trimestre de gravidez, quando a mulher não tem nenhuma indicação para cesariana”, afirma Karla Coelho, gerente de regulação assistencial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “A comodidade do médico não é a única explicação. Muitas mulheres querem tecnologia, querem chegar e ter o bebê sem ficar horas em trabalho de parto. E, claro, também têm medo de sentir dor”, diz.
O segundo fator vem dos médicos. “O acompanhamento de um parto normal é complicado, principalmente nas grandes cidades, onde a vida do médico é corrida e ele tem vários empregos. Uma cesariana leva uma ou duas horas. Um parto normal pode demorar mais de seis horas, e a remuneração feita pelos planos de saúde é muito próxima. Isso passou a ser uma comodidade”, admite Desiré Callegari, primeiro secretário do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Em busca de um médico

Encontrar um médico disponível para realizar um parto normal, disposto a ser tirado de casa a qualquer hora para acompanhar o procedimento, vem se tornando algo mais difícil a cada ano. Moradora de São Paulo, Liliane Meira, de 34 anos, descobriu que estava grávida pela segunda vez há quatro anos. Percorreu dez médicos, recebeu dez respostas negativas. Parte deles alegava que Liliane tinha feito uma cesariana cinco anos antes da segunda gestação e, por isso, seria preciso usar o mesmo método no próximo parto. Outros três médicos argumentaram que a cesárea era mais segura e que trabalhavam exclusivamente com essa opção. “Falaram das probabilidades da falta de oxigenação e da fragilidade do parto normal”, relata Liliane, que já tinha passado por uma cesárea de gêmeos complicada, com inflamação e abertura dos pontos. Pela internet, Liliane encontrou uma equipe de médicos que fazia o que é chamado de parto humanizado – uma maneira de dar à luz com a menor intervenção médica possível, mas que leva em conta os recursos disponíveis em uma unidade hospitalar. “No dia em que a bolsa estourou, fiquei 20 horas no hospital em trabalho de parto para ter meu bebê da maneira mais natural possível, sem anestesias e intervenções que acelerassem o processo de contração”, conta Liliane. A experiência a empurrou para uma nova carreira: a de doula – profissional encarregada de acalmar a gestante, fazer massagens e orientar a respiração durante o trabalho de parto

Fonte: Veja - Pâmela Oliveira e Cecília Ritto

CURIOSIDADE: Origem da Páscoa


Páscoa (do hebraico Pessach), significando passagem através do grego Πάσχα) é um evento religioso cristão, normalmente considerado pelas igrejas ligadas a esta corrente religiosa como a maior e a mais importante festa do Cristianismo. Na Páscoa os cristãos celebram a Ressurreição de Jesus Cristo depois da sua morte por crucificação (ver Sexta-Feira Santa) que teria ocorrido nesta época do ano em 30 ou 33 dC. A Páscoa pode cair em uma data, entre 22 de março e 25 de abril. O termo pode referir-se também ao período do ano canônico que dura cerca de dois meses, desde o domingo de Páscoa até ao Pentecostes.

Origem do nome (páscoa)
Os eventos da Páscoa teriam ocorrido durante o Pesah, data em que os judeus comemoram a libertação e fuga de seu povo escravizado no Egito.
A palavra Páscoa advém, exatamente do nome em hebraico da festa judaica à qual a Páscoa cristã está intimamente ligada, não só pelo sentido simbólico de “passagem”, comum às celebrações pagãs (passagem do inverno para a primavera) e judaicas (da escravatura no Egito para a liberdade na Terra prometida), mas também pela posição da Páscoa no calendário, segundo os cálculos que se indicam a seguir.
No português, como em muitas outras línguas, a palavra Páscoa origina-se do hebraico Pesah. Os espanhóis chamam a festa de Pascua, os italianos de Pasqua , os franceses de Pâques, e também em outras línguas que provavelmente não saiu do hebraico: latim Pascha, azerbaijano Pasxa, basco Pazko, catalão é Pasqua, crioulo haitiano Pak, dinarmaquês Påske, Pasko em esperanto, galês Pasg, Pasen em holandês, indonésio Paskah, Páskar em islandês, Paskah em malaio, em norueguês påske, Paști em romeno, Pasaka em suaíle, påsk em sueco e Paskalya em turco.
Os termos "Easter" (Ishtar) e "Ostern" (em inglês e alemão, respectivamente) parecem não ter qualquer relação etimológica com o Pessach (Páscoa). As hipóteses mais aceitas relacionam os termos com Estremonat, nome de um antigo mês germânico, ou de Eostre, uma deusa germânica relacionada com a primavera que era homenageada todos os anos, no mês de Eostremonat, de acordo com o Venerável Beda, historiador inglês do século VII. Porém, é importante mencionar que Ishtar é cognata de Inanna e Astarte (Mitologia Suméria e Mitologia Fenícia), ambas ligadas a fertilidade, das quais provavelmente o mito de "Ostern", e consequentemente a Páscoa (direta e indiretamente), tiveram notórias influências.

Páscoa Cristã

Celebra a ressurreição de Jesus Cristo. Depois de morrer na cruz, seu corpo foi colocado em um sepulcro, onde ali permaneceu por três dias, até sua ressurreição.
Muitos costumes ligados ao período pascal originam-se dos festivais pagãos da primavera. Outros vêm da celebração do Pessach, ou Passover, a Páscoa judaica, que é uma das mais importantes festas do calendário judaico, celebrada por 8 dias e onde é comemorado o êxodo dos israelitas do Egito, da escravidão para a liberdade. Um ritual de passagem, assim como a "passagem" de Cristo, da morte para a vida.
A última ceia partilhada por Jesus Cristo e seus discípulos é narrada nos Evangelhos e é considerada, geralmente, um “sêder do pesach” – a refeição ritual que acompanha a festividade judaica, se nos ativermos à cronologia proposta pelos Evangelhos sinópticos. O Evangelho de João propõe uma cronologia distinta, ao situar a morte de Cristo por altura da hecatombe dos cordeiros do Pessach. Assim, a última ceia da qual participou Jesus Cristo (segundo o Evangelho de Lucas 22:16) teria ocorrido um pouco antes desta mesma festividade.

Páscoa no Judaísmo

Segundo a Bíblia (Livro do Êxodo), Deus mandou 10 pragas sobre o Egito. Na última delas (Êxodo cap 12), disse Moisés que todos os primogênitos egípcios seriam exterminados (com apassagem do anjo da morte por sobre suas casas), mas os de Israel seriam poupados. Para isso, o povo de Israel deveria imolar um cordeiro, passar o sangue do cordeiro imolado sobre as portas de suas casas, e o anjo passaria por elas sem ferir seus primogênitos. Todos os demais primogênitos do Egito foram mortos, do filho do Faraó aos filhos dos prisioneiros. Isso causou intenso clamor dentre o povo egípcio, que culminou com a decisão do Faraó de libertar o povo de Israel, dando início ao Êxodo de Israel para a Terra Prometida.
A Bíblia judaica institui a celebração do Pessach em Êxodo 12, 14: Conservareis a memória daquele dia, celebrando-o como uma festa em honra de Adonai: Fareis isto de geração em geração, pois é uma instituição perpétua.

Tradições pagãs na Páscoa

Na Páscoa, é comum a prática de pintar ovos cozidos, decorando-os com desenhos e formas abstratas; em grande parte dos países ainda é um costume comum, embora que em outros, os ovos tenham sido substítuidos por ovos de chocolate. No entanto, o costume não é citado na Bíblia e portanto, este é uma alusão a antigos rituais pagãos. A primavera, lebres e ovos pintados com runas eram os símbolos da fertilidade e renovação associados a  deusa nórdica Gefjun.
lebre (e não o coelho) era o símbolo de Gefjun. Suas sacerdotisas eram ditas capazes de prever o futuro observando as entranhas de uma lebre sacrificada. A versão “coelhinho da páscoa, que trazes pra mim?” é comercialmente mais interessante do que “Lebre de Eostre, o que suas entranhas trazem de sorte para mim?”, que é a versão original desta rima.
A lebre de Eostre pode ser vista na Lua cheia e, portanto, era naturalmente associada à Lua e às deusas lunares da fertilidade. Seus cultos pagãos foram absorvidos e misturados pelas comemorações judaico-cristãs, dando início a Páscoa comemorado na maior parte do mundo contemporâneo
Fonte: Wikipédia
Seja qual for a sua religião, a ESF POP RUA deseja um dia feliz, com muita paz e harmonia!

sábado, 30 de março de 2013

Moradores de metrópoles são mais propensos a desenvolver transtornos psicológicos


Os problemas vão muito além do aperto no transporte coletivo e das brigas de trânsito. E eles podem afetar a sua cabeça e a qualidade da sua vida sem que você perceba

Nas metrópoles que não param de crescer, ônibus lotado, trânsito congestionado e violência são apenas uma parte visível do desequilíbrio urbano. Mas uma pesquisa do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) foi a fundo para saber que tipo de pane esse veneno provoca no cérebro de quem habita um cenário assim. Batizado de São Paulo Megacity, o estudo foi feito com mais de 5 mil moradores da região metropolitana da capital paulista. Os resultados, preocupantes, revelam: quase 30% dos participantes apresentam transtornos psicológicos. 

O trabalho, vencedor do Prêmio SAÚDE 2012 na categoria Saúde Mental e Emocional, é parte de um grande levantamento feito em 24 países. E, na opinião da psiquiatra Laura Helena Silveira Guerra de Andrade, responsável pelo projeto por aqui, ele serve de modelo - e de alerta - para outros aglomerados com mais de 10 milhões de habitantes, incluindo cidades brasileiras que se aproximam dessa dimensão. "Constatamos que, nelas, as mulheres têm mais distúrbios de ansiedade e humor, enquanto homens ficam propensos a problemas de controle de impulso e abuso de drogas", resume a médica. 

A vulnerabilidade feminina tem explicação sobretudo em dois fatores. Um deles, aponta Wang Yuan Pang, psiquiatra integrante do SP Megacity, está na oscilação hormonal. O outro, no excesso de responsabilidade. Isso porque é cada vez maior o número de mulheres na posição de chefe de família, com a sobrecarga de ter que disputar com o homem um espaço no mercado de trabalho. 

O perrengue com as contas no fim do mês, aliás, engrossa a lista de responsáveis pela fragilidade mental. "Quando o desemprego é alto, sem renda para o sustento familiar, o risco de compensar a angústia no álcool e nas substâncias ilícitas se amplia", explica Pang. "Além disso, muita gente, principalmente os migrantes, vive em áreas de privação, com infraestrutura precária e graves problemas de marginalização, o que também contribui para esse quadro", acrescenta. 

A criminalidade tem peso importante nessa equação, uma vez que mais de 54% das pessoas ouvidas relataram já ter presenciado algum incidente violento. "Vivenciar essas situações abre precedente para disparar diversos transtornos, e não só o estresse pós-traumático", diz Laura Helena. O medo crônico de assalto, por exemplo, esgota o sistema de defesa psíquica, provocando quadros de ansiedade. "A vítima passa a preferir espaços fechados, restringindo sua rotina", completa seu colega Wang Yuan Pang. 

Do minucioso questionário aplicado pela USP, surge outro dado inquietante: somente 8,7% das pessoas com alguma perturbação recebem tratamento. "Além de agravar os sintomas, isso pode deteriorar a saúde como um todo", alerta Mario Eduardo Costa Pereira, professor de psicopatologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior paulista. "Aumentam a insônia e a pressão arterial, a pessoa come demais ou muito pouco e até reduz sua produtividade", ele exemplifica. 

Laura Helena acredita que o SP Megacity abre a oportunidade de desmitificar a doença mental e melhorar o acesso aos serviços especializados. Para isso, ela aposta no treinamento das equipes de saúde que fazem visitas domiciliares para que identifiquem e encaminhem os casos de risco. Enquanto isso não acontece, alguns sinais indicam que está na hora de procurar ajuda. "É importante a auto-observação de palpitações, suor excessivo em momentos de tensão, pensamentos ruins que não saem da cabeça e frequente falta de atenção", enumera a psicóloga Dirce Perissinotti, do Programa de Atendimento às Vítimas de Violência e Estresse da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

É de Dirce também uma receita de equilíbrio quando o barulho da cidade grande falar mais alto em sua mente. "Respirações abdominais são ótimas. Além disso, tente atividades diferentes, abra-se para o novo!" 

19,9%

Transtornos de ansiedade
Campeões de diagnósticos, eles envolvem o temor pelo que está por vir. Os maiores índices foram de fobias específicas (10,6%): medo de objetos, animais ou determinadas situações. Em seguida, vêm a fobia social, que impede a interação com outras pessoas, e o transtorno obsessivo-compulsivo, o famoso TOC, que inclui manias exacerbadas. Foram identificados ainda casos de medo de multidão, síndrome do pânico e estresse pós-traumático. 

11%

Transtornos de humor
Mais de 85% dos casos são de depressão profunda, que pode até afastar o sujeito de suas funções diárias. Em segundo lugar aparece a bipolaridade, aquelas mudanças cíclicas de humor. Apesar do número baixo (1,5%), ela é responsável pela maioria dos casos graves nessa categoria - as que levam em conta as tentativas de suicídio. A distimia, que não impede a pessoa de realizar atividades, mas tem seus episódios de tristeza, também foi mencionada. 

4,3%

Controle de impulso
Apesar de o índice parecer pequeno, é o mais observado no dia a dia. É o ataque de raiva, o bate-boca agressivo, a briga de trânsito, a quebra de objetos para aliviar a tensão. O mais frequente é justamente a desordem explosiva intermitente (3,1%), nome dado a esse descontrole emocional. Atrás, surgem o déficit de atenção por hiperatividade e o distúrbio oposicional desafiador, mais comum na adolescência e caracterizado por excessiva atitude negativa e teimosia. 

3,6%

Abuso de substâncias
É considerado o pior dos distúrbios. Muitas vezes está associado a outras encrencas, que devem ser tratadas junto com a dependência. Na maior parte dos casos, há o envolvimento com álcool e 94% dos casos são graves. Depois, o uso de drogas ilícitas (93,2% são críticos). Em comum está a busca de alívio dos sintomas mentais. E, claro, esses quadros se tornam uma patologia quando o usuário não consegue mais viver sem o consumo das substâncias. 

FONTE: Saude.abril.com,br

sexta-feira, 29 de março de 2013

Se bem escolhido, chocolate pode fazer bem à saúde, diz nutricionista


Açúcar, gordura e lactose. É o que vem à cabeça de muitas pessoas quando se fala em chocolate. Mas a nutricionista Lara Natacci, do programa Meu Prato Saudável, parceria do Instituto do Coração (InCor) e do Hospital das Clínicas da FMUSP com a LatinMed Editora em Saúde, faz uma defesa do "alimento proibido".

Segundo ela, se bem escolhido, o chocolate pode trazer benefícios à saúde. A nutricionista lembra que alguns tipos de chocolates são ricos em antioxidantes, substâncias que ajudam a evitar o acúmulo de metais tóxicos no organismo e melhorar a circulação.

Mas antes de sair comendo chocolate durante a Páscoa é preciso conhecer quais são os tipos benéficos e evitar exageros. O chocolate que contém pelo menos 70% de cacau, por exemplo, é mais recomendado do que outros tipos, uma vez que o cacau é a fruta que mais contém as substâncias antioxidantes.
"Uma porção de cerca de 30g, correspondente a uma barra pequena do chocolate com 70% de cacau, tem o conteúdo de substâncias antioxidantes equivalente a uma maçã ou a uma taça de vinho tinto", afima Lara.

Para demonstrar a diferença entre este tipo de chocolate e os campeões de vendas dos supermercados, a nutricionista elaborou um comparativo entre substâncias com ação antioxidante presentes no chocolate com 70% de cacau, o ao leite, o branco e até mesmo o achocolatado.

Outras substâncias com efeitos benéficos presentes no chocolate, segundo a nutricionista, são as aminas biogênicas (que modulam o humor, melhorando a sensação de bem estar e felicidade), as metilxantinas, cafeína e teobromina (substâncias estimulantes), anadamina (provoca efeito de euforia), magnésio (ajuda a melhorar o ânimo, pois regula as concentrações de dopamina no cérebro), carboidratos (aumentam a formação da serotonina, substância que dá sensação de bem estar) e os lipídeos (aumentam a saciedade).
Os piores tipos a serem consumidos são os ao leite e o branco, pois são ricos em gorduras e açúcar, e os que contêm maior quantidade de gordura trans.
 Para os chocólatras que não querem sofrer as consequências negativas na balança, a dica é não exagerar. "O consumo diário deve ser entre 10 e 20g", explica a nutricionista do Meu Prato Saudável. Ela alerta que esta quantidade pode variar conforme características orgânicas individuais, além de sexo, idade e atividade física.
Diabéticos e intolerantes à lactose

A nutricionista alerta que, mesmo no caso do chocolate diet, sem açúcar, para diabéticos, o consumo deve ser ocasional e em pouca quantidade, uma vez que este tipo de chocolate tem alto teor de gordura.

"O recomendado, no geral, é ingerir no máximo entre 20 e 30 g, três vezes por semana, mas aqui também é necessário avaliar cada caso individualmente, por depender de condições orgânicas individuais, estágio da doença, tratamento, atividade física, sexo e idade", complementa.

Já para quem tem intolerância à lactose, Lara alerta para que sempre se observe a composição do produto, bem como verificar o grau da intolerância. "Algumas pessoas t.oleram quantidades pequenas. Os chocolates meio amargos têm pouca lactose, alguns apenas traços da substância. Outros são isentos", conta.
Outra opção é o chocolate de alfarroba, que tem um sabor semelhante ao meio-amargo, ou o chocolate de soja.

FONTE: UOL-SP

quarta-feira, 27 de março de 2013

Dificuldade em reconhecer a doença mental




Antigamente, era indicado como tratamento para os doentes mentais, maus-tratos físicos, pedagogia barata, isolamento e dor, pois se acreditava que a doença era fruto de uma fraqueza moral. Algo a ser escondido da sociedade, pois apontava para uma degeneração familiar.

Hoje é sabido que muitas pessoas sofrem de doenças mentais como as psicoses, as neuroses e as dependências de drogas. A incidência na população parece ser igual ou maior que a incidência de doenças cardiovasculares. Mesmo assim nos envergonhamos ou negamos que parentes e amigos sofram psiquicamente.

Ter uma doença mental é ruim, talvez um pouco pior que ter uma doença física crônica, porque é muito mais difícil para quem sofre de alterações psíquicas perceber-se doente e se cuidar corretamente. A loucura (me permito usar esse termo de forma livre e sem preconceito) faz o doente negar seu estado mental e a realidade. Por isso a família tem um papel muito importante para levar quem está doente a se tratar. A doença mental dá muito trabalho para as famílias. Mas, não aceitar a existência dela é condenar o doente e a família a viver num círculo vicioso, dentro de uma montanha russa. Há preconceito e desinformação nessa atitude, levando o doente e os familiares a uma situação de enorme desamparo.

Crianças sofrem porque acreditam que são culpadas pelos estados depressivos ou pela agressividade de seus pais. Esposas esperam que seus maridos parem de beber espontaneamente, pois não entendem que há um processo de adoecimento em curso ou mesmo maridos e pais sofrem com os mais estranhos comportamentos de seus entes queridos, mas não imaginam procurar tratamento para  comportamentos alterados, esperam resultados por meio da fé, da bondade ou por alguma ameaça de castigo até.

Esse descrédito, somado a falta de conhecimento para o adoecer psíquico não permite buscar tratamento medicamentoso nem psicoterapêutico. Hoje há remédios potentes que trazem maior estabilidade para os que sofrem com os distúrbios psíquicos. Também há várias formas de tratamento psicoterápico para o doente e de apoio a família, para que possa reconhecer e cuidar do problema de forma rápida e adequada.

É fundamental perceber que nenhum de nós, jamais, poderá ser igualado a uma doença mental. Cada um adoece à sua própria maneira e é maior que a doença. Temos nossa graça e nosso jeito de ser e podemos ser adoráveis apesar da bipolaridade ou da depressão.

Fonte: 
LUCIANA SADDI (psicanalista e escritora) folha de são paulo

terça-feira, 26 de março de 2013

Campanha de vacinação contra a gripe deve imunizar 31,3 milhões de pessoas em abril



Brasília – O Ministério da Saúde pretende vacinar este ano 31,3 milhões de brasileiros contra a gripe. O número representa 80% de um total de 39,2 milhões de pessoas que integram os chamados grupos prioritários – gestantes, idosos com mais de 60 anos, crianças entre 6 meses e 2 anos, profissionais de saúde, índios, população carcerária e doentes crônicos.
Uma das novidades anunciadas pela pasta é a inclusão de mulheres em puerpério (período de até 45 dias após o parto) nos grupos prioritários para vacinação. Outra mudança vai possibilitar que pessoas com doenças crônicas tenham acesso ampliado à vacina por meio de postos de saúde e não apenas centros de referência. Basta apresentar uma prescrição médica no ato da imunização.

Categoria (Doenças crônicas)
Indicações para imunização
Doença respiratória crônica
Asma em uso de corticóides inalatório ou sistêmico (moderada ou grave);
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC);
Bronquioectasia;
Fibrose cística;
Doenças intersticiais do pulmão;
Displasia broncopulmonar;
Hipertensão arterial pulmonar;
Crianças com doença pulmonar crônica da prematuridade.
Doença cardíaca crônica
Doença cardíaca congênita;
Hipertensão arterial sistêmica com comorbidade;
Doença cardíaca isquêmica;
Insuficiência cardíaca.
Doença renal crônica
Doença renal nos estágios 3, 4 e 5;
Síndrome nefrótica;
Paciente em diálise.
Doença hepática crônica
Atresia biliar;
Hepatites crônicas;
Cirrose.
Doença neurológica crônica
Condições em que a função respiratória pode estar comprometida pela doença neurológica;
Considerar as necessidades clínicas individuais dos pacientes, incluindo: AVC, indivíduos com paralisia cerebral, esclerose múltipla e condições similares;
Doenças hereditárias e degenerativas do sistema nervoso ou muscular;
Deficiência neurológica grave.
Diabetes
Dibetes Mellitus tipo I e tipo II em uso de medicamentos.
Imunossupressão
Imunodeficiência congênita ou adquirida;
Imunossupressão por doenças ou medicamentos.
Obesos
Obesidade grau III
Transplantados
Órgãos sólidos;
Medulo óssea.
         Fonte: Ministério da Saúde

A Campanha Nacional de Vacinação começa no dia 15 de abril e segue até o dia 26 do mesmo mês. No dia 20 de abril (sábado), todos os 65 mil postos de saúde do país vão funcionar para um dia de mobilização. Ao todo, 240 mil profissionais de saúde devem participar da ação, além de 27 mil veículos terrestres, marítimos e fluviais.
Serão distribuídas cerca de 43 milhões de doses que, este ano, protegem contra os seguintes subtipos de influenza: A (H1N1) ou gripe suína, A (H3N2) e B. Além dos R$ 330 milhões gastos com a vacina, o governo federal vai enviar aos estados e municípios R$ 24,7 milhões para apoiar ações de mobilização e preparação de equipes de saúde.
O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, destacou que a vacina é segura e só é contraindicada para pessoas com alergia severa a ovo. Ele lembrou que, no ano passado, a cobertura entre gestantes, por exemplo, foi baixa em razão da falta de conhecimento sobre a importância da imunização. “Muitas vezes, o obstetra não está familiarizado e não recomenda”, explicou.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reforçou que a dose contém o vírus em sua forma inativa, mas que não há risco de uma pessoa contrair gripe em razão da imunização. O que pode ocorrer, segundo ele, é a pessoa tomar a vacina com o vírus em período de incubação no corpo e apresentar um quadro gripal logo em seguida.
“A vacina contra a influenza é o melhor método que temos para reduzir o risco de casos graves e de internação”, disse Padilha. “É importante que a gente mantenha altas taxas de cobertura vacinal”, completou.

                                                    Distribuição das doses de vacina por região:
Região
Doses
População alvo
Norte
3.093.100
2.824.719
Nordeste
10.755.620
9.822.444
Sudeste
18.612.160
16.997.381
Sul
7.570.670
6.913.835
Centro-Oeste
2.905.920
2.653.788
Brasil
42.937.470
39.212.168
        Fonte: Ministério da Saúde
 Edição: Lílian Beraldo - Agência Brasil

segunda-feira, 25 de março de 2013

Casos de tuberculose no país caem quase 10% em dez anos, diz Saúde


Brasil somou 70.047 registros da doença em 2012, contra 77.496 em 2002.Teste rápido para detectar infecção chegará ao SUS no segundo semestre


Os casos de tuberculose no país sofreram uma redução de 9,6% entre 2002 e 2012, segundo um balanço apresentado nesta segunda-feira (25) pelo Ministério da Saúde, em Brasília. O evento foi comandado pelo secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, e fez referência ao Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose, lembrado em 24 de março.

A taxa de incidência da tuberculose – que é transmitida por uma bactéria chamadaMycobacterium tuberculosis, conhecida como bacilo de Koch, e atinge principalmente os pulmões – também diminuiu 18,6% em uma década: de 44,4 casos por 100 mil habitantes em 2002, passou para 36,1 em 2012.
Segundo o ministério, 66,8% dos pacientes notificados no ano passado eram homens. E a doença atingiu mais a faixa dos 25 aos 34 anos, em ambos os sexos. Entre os grupos de maior risco, estão indígenas (até três vezes mais vulneráveis que a média), presidiários, moradores de rua e pessoas com HIV – a tuberculose é a principal causa de morte em indivíduos soropositivos. Além disso, 15% dos pacientes também recebiam o Bolsa Família.
Os números mais recentes de óbitos por tuberculose divulgados pelo ministério são de 2010, quando 4,6 mil brasileiros morreram em decorrência da doença, uma taxa de 2,4 pessoas por 100 mil habitantes.
Em todo o planeta, a tuberculose é a quarta causa de morte por doenças infecciosas – perde apenas para septicemia (infecção generalizada), HIV e mal de Chagas. Em 2011, atingiu 8,7 milhões de pessoas e vitimou 1,4 milhão, uma queda de mais de 40% desde 1990, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, um terço da população global está infectada com o bacilo de Koch e corre risco de desenvolver a doença, destaca a OMS.

Campanha nacional
O governo também anunciou nesta segunda-feira que vai destinar 1,5 milhão de folhetos para a população em geral e 156 mil cartazes e 251 cartilhas para os profissionais da saúde de todo o país. A ação faz parte de uma campanha cujo slogan é "Tuberculose: Tosse por mais de três semanas é um sinal de alerta. Quanto antes você tratar, mais fácil de curar. Procure uma unidade de saúde".

A meta é alertar as pessoas sobre os riscos de contrair a doença e como se prevenir dela. Os principais sintomas da tuberculose são: tosse persistente, com ou sem catarro, dor no peito, febre, suor noturno, fraqueza, falta de apetite e perda de peso.
Quem apresentar esses sinais, isolados ou em conjunto, deve ir até uma unidade de saúde para fazer o diagnóstico. O tratamento é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e demora seis meses, sem interrupção.
A transmissão da doença ocorre pelo contato prolongado com secreções expelidas ao tossir, espirrar, cumprimentar alguém ou encostar em objetos como maçanetas e corrimãos.
Teste rápido
O ministério também informou nesta segunda-feira que, a partir do segundo semestre, o SUS deve oferecer um teste rápido – com resultado em duas horas – para detectar tuberculose em todas as cidades do país onde foram registrados mais de 200 casos em 2012.

Também serão atendidos os municípios com grande população prisional, indígena ou localizados nas fronteiras. Do total de novos casos da doença no país, 56% ficam concentrados em apenas 60 cidades, revelou o governo.
O teste rápido, chamado de Gene Xpert, também detecta se a pessoa é resistente ao principal antibiótico usado no tratamento. Desde o ano passado, o produto já é usado em Manaus e no Rio de Janeiro.
Para implantar essa nova tecnologia, o governo está investindo R$ 12,6 milhões na compra dos exames, de computadores com leitor de código de barras e impressora, e no treinamento de pessoal.
Segundo o secretário Jarbas Barbosa, o teste convencional tinha uma sensibilidade menor, conseguindo identificar apenas 60% a 70% dos casos. Já o novo exame poderá detectar até 95%. Além disso, antes eram necessários de 60 a 90 dias para obter a confirmação da resistência ao tratamento.
Casos por região
Entre as regiões do país, a tuberculose predominou em 2012 no Sudeste, com 44,1%, seguido pelo Nordeste (27,1%), Sul (12,3%), Norte (11,7%) e Centro-Oeste (4,7%). Por Unidade da Federação (UF), o Amazonas teve a maior incidência de casos, com 68,3 por 100 mil habitantes, e o Distrito Federal ficou em último lugar, com 12,9.

Por capital, Porto Alegre liderou o ranking, com 104,6 pacientes por 100 mil habitantes, e Palmas ficou com a última posição, com 9,1 pacientes por 100 mil moradores.
Segundo Jarbas Barbosa, Porto Alegre apresenta uma alta incidência de casos de HIV, o que tem relação com os números de tuberculose, pois as duas doenças muitas vezes andam juntas. Entre a população do Rio Grande do Sul, 19% dos que têm tuberculose também estão infectados com o vírus da Aids.
FONTE: G1 - SP

domingo, 24 de março de 2013

O CAFEZINHO NOSSO DE CADA DIA É UMA DROGA?


Tarso Araujo 

É engraçado como as pessoas ainda se surpreendem com o fato de o café ser uma droga. Desde ao ano passado, quando lancei o Almanaque das Drogas, eu me divirto vendo as pessoas virarem uma, duas páginas e tomarem um susto quando veem a primeira foto. Com esse título, elas ficam esperando ver uma seringa, uma carreira de pó, um cigarro de maconha, mas aí vem… uma xícara de café quente? “Ué, mas cafezinho é droga?”. Pois é.
Cafeína e cocaína, por exemplo, são muito parecidas. A principal diferença entre a “onda” das duas é a potência. Claro que isso é uma diferença muito importante, mas não é o suficiente para guardá-las em categorias diferentes. A duas moléculas são pequeninas, capazes de atravessar uma sofisticada barreira de proteção que nosso cérebro tem, e de se encaixar em “fechaduras” nos nossos neurônios. Cada uma abre uma porta diferente, mas no final as duas chaves deixam você em alerta. São drogas estimulantes.
A gente chama de “psicoativas” ou “psicotrópicas” as essas substâncias que são capazes de abrir essas “portas” no nosso cérebro. O café faz isso – e você que toma um cafezinho para despertar de manhã, para não ter sono depois do almoço ou para estudar até mais tarde sabe muito bem disso.
As pessoas usam café para ficarem “ligadas”, porque reconhecem o poder psicoativo da bebida e tiram proveito dele. Do mesmo jeito que algumas pessoas bebem álcool para lidar com sua timidez numa festa, como os caminhoneiros usam anfetaminas para aguentar mais quilômetros na estrada e os estressados que tomam rivotril para dormir.
O café é uma droga. E isso não é necessariamente mal, porque droga não é só aquilo que é perigoso para nossa saúde. Nosso próprio cafezinho serve de exemplo. Veja só:
-  Homens que bebem 3 a 4 doses de café por dia têm até 5 vezes menos chances de ter doença de Parkinson. Em mulheres esse efeito é menor, mas também existe, desde que elas não façam tratamento hormonal.
-  A cafeína e antioxidantes do café protegem o cérebro dos sintomas do Mal de Alzheimer, embora ainda não se saiba ao certo o porque nem o quanto.
-  Beber 240 ml de café por dia diminui o risco de pedras nos rins em cerca de 10%.
-  Quem bebe 6 xícaras por dia tem menos chance de desenvolver diabetes do tipo II, mas o efeito protetor parece valer mesmo com doses menores.
-  Café protege o fígado e reduz a incidência de cirrose, inclusive alcoólica.
Esses benefícios não são papo de vendedor de café, mas observações de dezenas de pesquisas, reunidas nesse artigo de revisão de 2009. Em geral, se você não beber mais de 500 mg de cafeína por dia – ou cinco xícaras de café expresso – a chance de ter problemas de saúde é irrisória.
E o café não é uma exceção, porque ele não é a única droga capaz de fazer algum tipo de bem ou que possa até mesmo ser usada como remédio. Se você conseguir beber apenas uma taça de vinho ou um copo de cerveja todo dia durante as refeições, a saúde do seu coração pode melhorar, sem efeitos colaterais negativos. A morfina é uma das drogas mais fatais que existem, quando usada do modo errado, mas uma droga indispensável em qualquer pronto socorro, para o alívio de dores fortes.
Outro exemplo importante é o da maconha: ela tem uma série de propriedades terapêuticas reconhecidas há séculos e comprovadas pela medicinal ocidental nas últimas décadas. Ela ajuda a aliviar dores crônicas, sintomas de esclerose múltipla, além de ser um remédio melhor que os sintéticos no tratamento de náuseas, enjoo e falta de apetite em pacientes de quimioterapia (veja no final).
Muita gente acha isso estranho porque “maconha e morfina são proibidas. E são proibidas porque fazem mal”. Mentira, não se deixe enganar. O que define se uma substância é droga ou não tem a ver com o fato de ela ser ilegal ou não. A lista de substâncias proibidas que se usa hoje nasceu em 1961, com uma convenção da ONU.
Naquela época, já se sabia que o álcool é uma importante causa de doença mentais, câncer e doenças mentais, além de provocar comportamento violento em muitas pessoas. Também já se sabia que o cigarro causava câncer de pulmão. E nunca nem se cogitou que essas duas drogas entrassem na lista. E alguém duvida que álcool e nicotina sejam drogas?
Veja como o critério “é proibido” é tão inútil para definir o que é droga quanto o “faz mal”.
Aliás, voltando ao cafezinho, lembra que até ele pode fazer mal, se você passar daquelas cinco xícaras por dia. A azia é o sintoma mais comum, porque o café aumenta acidez e refluxo gástrico – e descafeinado não resolve. O exagero também aumenta a chance de enfarto e outros problemas cardíacos, especialmente em pessoas obesas, hipertensas ou fumantes.
E se você comprar cafeína em pó, purificada a partir do café como o pó de cocaína é extraído da folha de coca, pode até morrer de overdose. Foi o que aconteceu com um adolescente britânico desinformado, que tomou duas colheradas do “energético” e teve uma parada cardíaca.
Esse caso bizarro deixa bem claro como o mal não está na droga em si, mas no uso que se faz dela. “Todas as cosias são veneno e não há nada sem veneno. A dose é que o faz o veneno”, escreveu o suíço Paracelso, pai da toxicologia, no longínquo século 16. Não é exagero. Até a insípida, incolor e inodora água pura pode matar se você exagerar.
A gente está acostumado a chamar de droga aquilo que faz mal e/ou é proibido. Mas esses exemplos mostram como essa visão é, na verdade, consequência de anos de desconhecimento, preconceito e doutrina moral e religiosa. É uma lavagem cerebral longa e muito eficiente, embora falha.
O tom pejorativo que se usa ao falar em “droga” é tão presente e tradicional que o termo já virou até sinônimo de “coisa ruim ou sem valor” no dicionário. Poxa, o cafezinho do boteco aqui na esquina é mesmo uma coisa ruim, mas tem o seu valor!
A brincadeira necessária não é tanto dizer o que é droga ou não, e muito menos qual é proibida ou não – como os governos estão sempre fazendo, sempre em vão. O importante é ficar atento ao modo como a gente usa e abusa do termo fazendo associações preconceituosas, construindo lógicas furadas e raciocínios contraditórios quando falamos de café ou crack, de álcool ou de cocaína. Fazemos tudo isso sem perceber.
Uma vez entrevistei um defensor público que defendia penas criminais para usuários de drogas, porque elas são um “grande problema social”. Então fiz uma pergunta e ele respondeu. “Eu não uso drogas, mas gosto de beber uísque.” Álcool não é droga, doutor? Álcool não é um grande problema social? Aquele mendigo que me pede um troco para o pão, que perdeu família, emprego e teto por causa da bebida é uma exceção? Bem, é claro que o defensor não queria proibir o álcool ou punir quem bebe álcool e fica na sua.
Dois pesos, duas medidas. Falar e pensar sobre drogas assim, diferenciá-las pelo fato de serem lícitas ou não, socialmente aceitas ou não, é uma tremenda fábrica de injustiças.
Sugiro um exercício. Da próxima vez que você beber aquele seu cafezinho sagrado da manhã ou de depois do almoço lembre que você está usando droga. Talvez isso o ajude a ver todo o mundo de outro modo. Vai ser uma viagem, e você não vai nem precisar tomar uma droga para isso.
* * *
Aqui vão os links de algumas histórias em que você talvez não tenha acreditado:
- A história do cara que morreu de overdose de cafeína em 2010. Já tinha  acontecido em 2002, também. Quantas vezes aconteceram sem a gente saber? Esse aqui quase se deu male nem precisou de cafeína em pó – oito latinhas de Red Bull já foi um exagero.
- Uma parte dos que morrem depois de usar ecstasy morrem, na verdade, de overdose de água, achando que precisam de litros d’água para evitar a desidratação. Lea Beth bebeu sete litros em 90 minutos e entrou em coma. Mas isso acontece até com quem faz dieta. Tem até um verbete na Wikipedia em inglês para a intoxicação por água.
- E você pode ver informações mais detalhadas sobre a eficácia da maconha medicinal na página 316 do Almanaque das Drogas ou na página 12 da monografia sobre maconha publicada em 2008 pelo Observatório Europeu de Drogas, disponível aqui.
Fonte: É engraçado como as pessoas ainda se surpreendem com o fato de o café ser uma droga. Desde ao ano passado, quando lancei o Almanaque das Drogas, eu me divirto vendo as pessoas virarem uma, duas páginas e tomarem um susto quando veem a primeira foto. Com esse título, elas ficam esperando ver uma seringa, uma carreira de pó, um cigarro de maconha, mas aí vem… uma xícara de café quente? “Ué, mas cafezinho é droga?”. Pois é.
Cafeína e cocaína, por exemplo, são muito parecidas. A principal diferença entre a “onda” das duas é a potência. Claro que isso é uma diferença muito importante, mas não é o suficiente para guardá-las em categorias diferentes. A duas moléculas são pequeninas, capazes de atravessar uma sofisticada barreira de proteção que nosso cérebro tem, e de se encaixar em “fechaduras” nos nossos neurônios. Cada uma abre uma porta diferente, mas no final as duas chaves deixam você em alerta. São drogas estimulantes.
A gente chama de “psicoativas” ou “psicotrópicas” as essas substâncias que são capazes de abrir essas “portas” no nosso cérebro. O café faz isso – e você que toma um cafezinho para despertar de manhã, para não ter sono depois do almoço ou para estudar até mais tarde sabe muito bem disso.
As pessoas usam café para ficarem “ligadas”, porque reconhecem o poder psicoativo da bebida e tiram proveito dele. Do mesmo jeito que algumas pessoas bebem álcool para lidar com sua timidez numa festa, como os caminhoneiros usam anfetaminas para aguentar mais quilômetros na estrada e os estressados que tomam rivotril para dormir.
O café é uma droga. E isso não é necessariamente mal, porque droga não é só aquilo que é perigoso para nossa saúde. Nosso próprio cafezinho serve de exemplo. Veja só:
-  Homens que bebem 3 a 4 doses de café por dia têm até 5 vezes menos chances de ter doença de Parkinson. Em mulheres esse efeito é menor, mas também existe, desde que elas não façam tratamento hormonal.
-  A cafeína e antioxidantes do café protegem o cérebro dos sintomas do Mal de Alzheimer, embora ainda não se saiba ao certo o porque nem o quanto.
-  Beber 240 ml de café por dia diminui o risco de pedras nos rins em cerca de 10%.
-  Quem bebe 6 xícaras por dia tem menos chance de desenvolver diabetes do tipo II, mas o efeito protetor parece valer mesmo com doses menores.
-  Café protege o fígado e reduz a incidência de cirrose, inclusive alcoólica.
Esses benefícios não são papo de vendedor de café, mas observações de dezenas de pesquisas, reunidas nesse artigo de revisão de 2009. Em geral, se você não beber mais de 500 mg de cafeína por dia – ou cinco xícaras de café expresso – a chance de ter problemas de saúde é irrisória.
E o café não é uma exceção, porque ele não é a única droga capaz de fazer algum tipo de bem ou que possa até mesmo ser usada como remédio. Se você conseguir beber apenas uma taça de vinho ou um copo de cerveja todo dia durante as refeições, a saúde do seu coração pode melhorar, sem efeitos colaterais negativos. A morfina é uma das drogas mais fatais que existem, quando usada do modo errado, mas uma droga indispensável em qualquer pronto socorro, para o alívio de dores fortes.
Outro exemplo importante é o da maconha: ela tem uma série de propriedades terapêuticas reconhecidas há séculos e comprovadas pela medicinal ocidental nas últimas décadas. Ela ajuda a aliviar dores crônicas, sintomas de esclerose múltipla, além de ser um remédio melhor que os sintéticos no tratamento de náuseas, enjoo e falta de apetite em pacientes de quimioterapia (veja no final).
Muita gente acha isso estranho porque “maconha e morfina são proibidas. E são proibidas porque fazem mal”. Mentira, não se deixe enganar. O que define se uma substância é droga ou não tem a ver com o fato de ela ser ilegal ou não. A lista de substâncias proibidas que se usa hoje nasceu em 1961, com uma convenção da ONU.
Naquela época, já se sabia que o álcool é uma importante causa de doença mentais, câncer e doenças mentais, além de provocar comportamento violento em muitas pessoas. Também já se sabia que o cigarro causava câncer de pulmão. E nunca nem se cogitou que essas duas drogas entrassem na lista. E alguém duvida que álcool e nicotina sejam drogas?
Veja como o critério “é proibido” é tão inútil para definir o que é droga quanto o “faz mal”.
Aliás, voltando ao cafezinho, lembra que até ele pode fazer mal, se você passar daquelas cinco xícaras por dia. A azia é o sintoma mais comum, porque o café aumenta acidez e refluxo gástrico – e descafeinado não resolve. O exagero também aumenta a chance de enfarto e outros problemas cardíacos, especialmente em pessoas obesas, hipertensas ou fumantes.
E se você comprar cafeína em pó, purificada a partir do café como o pó de cocaína é extraído da folha de coca, pode até morrer de overdose. Foi o que aconteceu com um adolescente britânico desinformado, que tomou duas colheradas do “energético” e teve uma parada cardíaca.
Esse caso bizarro deixa bem claro como o mal não está na droga em si, mas no uso que se faz dela. “Todas as cosias são veneno e não há nada sem veneno. A dose é que o faz o veneno”, escreveu o suíço Paracelso, pai da toxicologia, no longínquo século 16. Não é exagero. Até a insípida, incolor e inodora água pura pode matar se você exagerar.
A gente está acostumado a chamar de droga aquilo que faz mal e/ou é proibido. Mas esses exemplos mostram como essa visão é, na verdade, consequência de anos de desconhecimento, preconceito e doutrina moral e religiosa. É uma lavagem cerebral longa e muito eficiente, embora falha.
O tom pejorativo que se usa ao falar em “droga” é tão presente e tradicional que o termo já virou até sinônimo de “coisa ruim ou sem valor” no dicionário. Poxa, o cafezinho do boteco aqui na esquina é mesmo uma coisa ruim, mas tem o seu valor!
A brincadeira necessária não é tanto dizer o que é droga ou não, e muito menos qual é proibida ou não – como os governos estão sempre fazendo, sempre em vão. O importante é ficar atento ao modo como a gente usa e abusa do termo fazendo associações preconceituosas, construindo lógicas furadas e raciocínios contraditórios quando falamos de café ou crack, de álcool ou de cocaína. Fazemos tudo isso sem perceber.
Uma vez entrevistei um defensor público que defendia penas criminais para usuários de drogas, porque elas são um “grande problema social”. Então fiz uma pergunta e ele respondeu. “Eu não uso drogas, mas gosto de beber uísque.” Álcool não é droga, doutor? Álcool não é um grande problema social? Aquele mendigo que me pede um troco para o pão, que perdeu família, emprego e teto por causa da bebida é uma exceção? Bem, é claro que o defensor não queria proibir o álcool ou punir quem bebe álcool e fica na sua.
Dois pesos, duas medidas. Falar e pensar sobre drogas assim, diferenciá-las pelo fato de serem lícitas ou não, socialmente aceitas ou não, é uma tremenda fábrica de injustiças.
Sugiro um exercício. Da próxima vez que você beber aquele seu cafezinho sagrado da manhã ou de depois do almoço lembre que você está usando droga. Talvez isso o ajude a ver todo o mundo de outro modo. Vai ser uma viagem, e você não vai nem precisar tomar uma droga para isso.
* * *
Aqui vão os links de algumas histórias em que você talvez não tenha acreditado:
- A história do cara que morreu de overdose de cafeína em 2010. Já tinha  acontecido em 2002, também. Quantas vezes aconteceram sem a gente saber? Esse aqui quase se deu male nem precisou de cafeína em pó – oito latinhas de Red Bull já foi um exagero.
- Uma parte dos que morrem depois de usar ecstasy morrem, na verdade, de overdose de água, achando que precisam de litros d’água para evitar a desidratação. Lea Beth bebeu sete litros em 90 minutos e entrou em coma. Mas isso acontece até com quem faz dieta. Tem até um verbete na Wikipedia em inglês para a intoxicação por água.
- E você pode ver informações mais detalhadas sobre a eficácia da maconha medicinal na página 316 do Almanaque das Drogas ou na página 12 da monografia sobre maconha publicada em 2008 pelo Observatório Europeu de Drogas, disponível aqui.
Fonte: BLOG DA REVISTA GALILEU 
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