O percentual médio de pessoas afetadas por algum tipo de dor crônica
no Brasil varia de estado para estado e pode ser de 15% a 40% da
população. Estudos disponíveis revelam que em São Luís (MA), por
exemplo, o índice de queixas de dores crônicas chega a 47%, enquanto em
Salvador (BA), chega a 41% e em São Paulo, fica entre 30% e 40%. Entre a
população mundial, de 20% a 30% sofrem com essas dores.
A informação foi dada à Agência Brasil pelo
vice-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos para a Dor (SBED),
Durval Campos Kraychete, que também coordena o Ambulatório da Dor da
Universidade Federal da Bahia (UFBA). Segundo ele, dependendo do tipo de
política governamental de saúde, esses números podem aumentar ou
diminuir. “Se você [adota] medidas preventivas para a dor, a tendência é
diminuir. Mas se a dor continuar subestimada, em termos de avaliação e
de diagnóstico, e subtratada, a tendência é aumentar”.
Kraychete disse que a média de tempo que um paciente com dor leva
até procurar um ambulatório ou serviço especializado é de oito anos.
“Aí, já estão bem comprometidos do ponto de vista da doença, muitas
vezes com incapacidade”. Para o especialista, a implantação no Sistema
Único de Saúde (SUS) dos Centros de Referência em Tratamento da Dor
Crônica, criados por meio da Portaria 1.319/2002, do Ministério da
Saúde, poderá contribuir para melhorar o tratamento da população
brasileira afetada por vários tipos de dor crônica e reduzir esses
índices. “Porque isso acaba tendo impactos econômicos enormes”,
destacou.
O médico disse que estudos internacionais mostram que o impacto em
termos de perdas de pessoas em plena capacidade laborativa é grande. “A
gente acaba tendo gastos enormes para poder reabilitar essas pessoas –
as perdas chegam a bilhões de dólares e, em geral, afetam pessoas
ativas, entre 40 anos e 60 anos”.
De acordo com dados da Previdência Social, a dor de coluna responde
por quase 160 mil licenças por ano. Os centros públicos poderiam reduzir
bastante esse número, assegurou Durval Kraychete, “se tivesse uma
avaliação adequada, um diagnóstico correto e um tratamento também
condizente com a doença que o paciente apresente. Porque o que acontece é
que tem muita doença de coluna que é mal diagnosticada, mal tratada e
muito uso inadequado da dor de coluna na Previdência Social”.
O especialista defendeu a adoção de uma política de educação
continuada, não só para a população, mas também para os profissionais de
saúde, de modo a permitir abordagens e diagnóstico corretos da dor. Ele
lamentou que poucas universidades do país tenham o estudo da dor nos
currículos médicos. “Ou de qualquer profissional, já que a abordagem da
dor crônica é multidisciplinar”. Segundo Kraychete, isso deveria valer
tanto para medicina, quanto para a odontologia, a enfermagem, a
fisioterapia e outras especialidades. “O desconhecimento começa, muitas
vezes, no diagnóstico incorreto”.
FONTE: Alana Gandra
Agência Brasil
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