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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Novo manual de diagnóstico de doenças mentais dos EUA gera polêmica


Publicado na última sexta-feira, a chamada “Bíblia” da psiquiatra inclui mais de 300 patologias

Considerado a “Bíblia” da psiquiatria mundial, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais dos EUA (DSM) teve nova versão publicada na sexta-feira trazendo a reboque uma série de polêmicas. Editado pela poderosa Associação Americana de Psiquiatria (APA, na sigla em inglês), o livro inclui vários novos distúrbios diagnosticáveis a partir apenas de seus sintomas a uma lista de mais de 300 patologias que alguns críticos afirmam que tornarão a “normalidade” tão incomum que ela será quase como uma loucura.
Novas desordens
Batizado DSM-5, o novo manual passa a classificar como transtorno mental comportamentos como comer excessivamente, acumular coisas ou mudanças de humor repentinas típicas de crianças e adolescentes, enquanto a tristeza comum do luto pela perda de um parente próximo poderá ser vista como sinal de depressão grave. Em outra decisão polêmica, autismo, Síndrome de Asperger e as desordens desintegrativa da infância e do desenvolvimento passam a integrar uma única categoria de Desordem de Espectro Autista.
— O DSM-5 vai baixar os limites de diagnóstico e aumentar o número de pessoas na população em geral vistas como tendo uma doença mental — apontou Peter Kinderman, chefe do Instituto de Psicologia da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, em artigo publicado pelo site da BBC. — Uma enorme gama de maus comportamentos humanos, objetos de muitas promessas de ano novo, vai se tornar doenças mentais.
Opinião semelhante expressou Allen Frances, professor emérito da Universidade de Duke, nos EUA. Responsável por coordenar a revisão anterior do manual, publicada em 1994, ele aconselhou os colegas a simplesmente não adotarem a nova versão em texto publicado em seu blog no site “Huffington Post”. Já para os pacientes, Frances disse que eles não devem aceitar diagnósticos com base em avaliações comportamentais breves.
“Um diagnóstico psiquiátrico pode representar uma mudança benéfica na sua vida se correto, ou um grande dano se não”, escreveu. “Tome tanto cuidado ao acatar um diagnóstico quanto quando vai comprar uma casa ou um carro. Nunca aceite um diagnóstico ou tome pílulas prescritas após uma avaliação breve”.
Já David J. Kupfer, chefe da força-tarefa de mais de 1,5 mil especialistas de 39 países que revisou o manual, defendeu o trabalho. Segundo ele, o livro agora estrutura as desordens num contexto que leva em conta idade, gênero e expectativas culturais, além de melhor caracterizar sintomas em termos de manifestação, duração e severidade.
— As mudanças no manual vão ajudar os médicos a identificar mais precisamente as desordens mentais e melhorar o diagnóstico enquanto eles mantêm um cuidado continuado (dos pacientes) — disse.
Fonte: O globo